Marta lamenta posição de Salvador de líder em pobreza: ‘Faltam políticas públicas’

A capital baiana entrou no ranking das piores cidades em índices de pobreza, desnutrição e desemprego, conforme demonstrou um estudo publicado pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS) que compara 40 indicadores sociais e de atuação do poder público municipal (educação, saúde, renda, habitação, saneamento, etc.) nas 26 capitais brasileiras.

De acordo com o levantamento, Salvador apresentou um percentual de 11% da população que se encontra abaixo da linha da pobreza, sendo 4% no índice de desnutrição e 16,7% no acumulado da taxa de desempregados. Nesta quarta-feira (27), a vereadora Marta Rodrigues (PT) considerou que os percentuais negativos oriundam da “falta de políticas públicas” da gestão municipal, administrada pelo prefeito Bruno Reis (União Brasil).

“Tem que discutir com os conselhos. Os conselhos tem que estar funcionando, o da cidade; o das Mulheres e o da Comunidade Negra, é ali que a gente elabora as políticas públicas. É ali que a gente senta e constrói com o poder público e com a sociedade civil. Olha quantos itens Salvador está nessa condição? A gente vê nitidamente a questão de creche na cidade que a gente recebe muitas denúncias na Comissão de Educação na Câmara. […]”, analisou a petista ao bahia.ba, durante inauguração do Complexo da Gestão Democrática da Educação, no Costa Azul.

A parlamentar, que compõe o bloco da oposição na CMS, ainda destacou as dificuldades que o seu grupo enfrenta para tentar barrar ou aprovar matérias de que julgam como interessantes ou maléficas para a população soteropolitana. Para tentar reverter a posição da capital no ranking, a parlamentar afirma que vem buscando manter o diálogo com a sociedade entender as necessidades da comunidade.

“Nós temos buscado o diálogo, fizemos um bom debate na questão das desafetações e do meio ambiente. Mas, nós não temos a maioria, só somos 11 naquela Casa. Então não dá para a gente aprovar”, disse a vereadora. A Câmara Municipal de Salvador (CMS) é formada por 43 vereadores, sendo a maioria composta pelos aliados do atual chefe do Palácio Thomé de Souza.

Na oportunidade, a parlamentar chegou a citar como exemplo o Programa Dinheiro Direto na Escola Soteropolitana (PDDES), encaminhado à CMS na última terça-feira (19), pelo Executivo, o qual apresentou emenda para análise das comissões temáticas da Casa.

“Nós apresentamos uma emenda para aperfeiçoar e melhorar. Às vezes, as nossas emendas não são acatadas, essa daí foi, porque a gente defende dinheiro direto na escola, porque é autonomia”, afirmou. “Então, nós votamos a favor e a gente sempre fala que quando vem para Casa projetos importantes para a cidade, tem o nosso aval e voto”, completou a petista.

Pedido de empréstimo

O prefeito encaminhou, na última terça-feira (26), um pedido de empréstimo de quase R$ 600 milhões junto ao Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) à Casa Legislativa, para investir na 3ª etapa do Projeto Salvador Social.

Em análise pelos parlamentares nas comissões temáticas, a vereadora Marta Rodrigues (PT) ressaltou que apresentou um pedido de vistas, isto é mais tempo para apreciação, para averiguar a proposta.

“Eu pedi vistas, porque eu quero saber, é um valor muito alto. Então qual é a destinação? Eu sempre cobro da secretária da Fazenda e da Casa Civil. Eu tenho pontuado, cadê esses empréstimos que foram destinados? Qual o resultado deste valor que foi empenhado, que a prefeitura coloca como garantia, o ISS, PTU, ITV, qual foi o resultado disso aí? Então a gente tem buscado, a gente acompanha as comissões, os debates. Mas como eu falei, a nossa voz [da oposição] a gente ecoa, mas na hora do voto, a gente não consegue avançar nessa direção”, concluiu.