ONS amplia envio de energia do Nordeste ao restante do país
Operador vinha elevador cortes na geração de energia renovável da região, o que gerava crítica dos geradores
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) ativou a operação de três linhas de transmissão e uma subestação de energia na semana passada para ampliar a capacidade de escoamento de energia do Nordeste para o restante do país, em especial o Sudeste, onde está concentrada a maior demanda de eletricidade. As estruturas estão localizadas no Ceará, de acordo com informações do jornal Folha de S.Paulo.
O anúncio do ONS –antecipado pelo jornal Valor Econômico– tenta, de certa forma, amortecer a pressão de empresas geradoras de energia renovável, que nas últimas semanas aumentaram as críticas à estratégia do Operador de cortar a geração de energia em parques do Nordeste. A prática, conhecida como curtailment, busca evitar uma produção de eletricidade maior do que a demanda do país e acima da capacidade máxima de escoamento das atuais linhas de transmissão da região.
Esse procedimento já era comum no setor, mas se intensificou após o apagão do ano passado. A partir do evento, o ONS estabeleceu novos limites de intercâmbios de energia entre as diferentes regiões do país, a fim de garantir maior segurança ao sistema elétrico.
Mas, como a Folha mostrou no mês passado, empresas de geração de energia eólica e solar têm cobrado do governo o ressarcimento pelos cortes de energia, em especial daqueles parques do Ceará e Rio Grande do Norte.
As empresas do setor pedem na Justiça uma fatura que já chega a R$ 1,2 bilhão, o que pode onerar ainda mais os consumidores de energia. Segundo a Abeeólica, o corte de geração entre agosto e setembro foi equivalente a três meses de geração de energia da hidrelétrica de Itaipu.
As empresas de renováveis afirmam que, como não são responsáveis pelos cortes, devem ser ressarcidas pela perda de receita. Mas a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) entende que a regulamentação não prevê ressarcimento nesse caso.
De acordo com o ONS, o acréscimo no escoamento de energia do Nordeste para o Sudeste e Centro-Oeste será de cerca de 12%, com os índices saindo dos atuais 11.600 MW (megawatts) para 13 mil MW. Já a carga exportada do Nordeste para o Norte poderá ser aumentada em quase 30%, avançando do patamar de 4.800 MW para 6.200 MW. Os valores, segundo o Operador, voltam ao patamar anterior ao apagão. Deve ainda entrar em operação até o final de outubro uma linha de transmissão na Bahia —todos os empreendimentos foram adquiridos em leilão de 2018.
O assunto foi um dos mais comentados nesta terça-feira (22) durante um evento organizado pela indústria do setor eólico em São Paulo. Nele, executivos e representantes do governo federal defenderam uma solução rápida para os cortes.
“Temos que tratar esse assunto como um assunto de 2024, ele não pode se propagar nos próximo anos […]. A gente entende que às vezes há uma política de segurança a todo custo, mas mesmo que se aplique uma política de segurança da operação do sistema a qualquer custo, isso não pode ser ao nosso custo; tem que ser devidamente negociado”, afirmou Fernando Elias, presidente do Conselho de Administração da Abeeólica, na abertura do evento.
Acompanhavam a fala dele, por exemplo, o secretário nacional de Transição Energética e Planejamento do Ministério de Minas e Energia, Thiago Barral, um dos maiores especialistas no tema dentro do governo federal. Ele já tratava sobre o tema em 2021, quando ainda era presidente da Empresa de Planejamento Energético (EPE).
Também presente no evento, a presidente da Abeeólica, Elbia Gannoum, celebrou o anúncio do ONS. “Isso muito nos ajuda neste momento muito frágil que estamos vivendo, que são os cortes de geração que estão acontecendo no Nordeste”, disse. “A gente sabe que o corte de geração é uma característica das economias que fizeram uma forte expansão em energias renováveis não despacháveis, como eólica e solar, e o mundo inteiro está tentando buscar soluções para isso, e nós vamos trazê-las”, disse.
Mais notícias
-
Economia
18h37 de 22 de outubro de 2024
Líder na geração de energia eólica, Bahia receberá encontro internacional do setor em 2025
Anúncio foi feito durante edição do Brasil Wind Power realizada em São Paulo, que contou com a presença do governador Jerônimo Rodrigues e secretários do Estado da Bahia
-
Economia
18h32 de 22 de outubro de 2024
Arrecadação recorde vem de recomposição da base fiscal, diz Haddad
Segundo ministro, Brasil não cresce por causa de estímulos públicos
-
Economia
18h14 de 22 de outubro de 2024
Ação do McDonald’s cai após agência dos EUA ligar surto de E. coli a Quarteirão
Surto resultou em 10 internações e uma morte, segundo Centro de Controle e Prevenção de Doenças
-
Economia
18h02 de 22 de outubro de 2024
Dólar fecha com leve alta de 0,06%, próximo aos R$ 5,70, com atenção ao exterior
Com as eleições nos EUA a apenas duas semanas, as chances crescentes de vitória do ex-presidente Donald Trump estão impulsionando o dólar
-
Economia
17h50 de 22 de outubro de 2024
Ibovespa tem quarta queda seguida, com Petrobras e bancos; Vale sobe e Hypera dispara
Bolsas dos EUA terminam dia próximos da estabilidade
-
Economia
17h39 de 22 de outubro de 2024
Petróleo sobe 2%, com novos temores de escalada dos conflitos no Oriente Médio
Tensão continuou com Hezbollah disparando foguetes contra Tel-Aviv antes da chegada do secretário de Estado americano Antony Blinken
-
Economia
17h38 de 22 de outubro de 2024
Bahia mantém dívida baixa e segue entre os líderes em investimentos
Os dados do período, que indicam a continuidade do equilíbrio fiscal do governo baiano em 2024, foram apresentados nesta terça-feira (22) na Assembleia Legislativa (Alba)
-
Economia
17h07 de 22 de outubro de 2024
Ações da Hyundai caem 7,2% em estreia após IPO recorde
Maior oferta inicial da história do país atraiu resposta fraca de investidores do varejo
-
Economia
16h51 de 22 de outubro de 2024
85% das pessoas pretendem comprar na Black Friday 2024, diz pesquisa
Pesquisa feita pelo Mercado Livre mostra que 85% das pessoas já estão se planejando para ir às compras durante a promoção
-
Economia
16h19 de 22 de outubro de 2024
Vendas do comércio eletrônico saltam 286% em 7 anos; veja Estados que mais cresceram
FecomercioSP mostra que setor saiu de R$ 53 bilhões em receitas em 2016 para R$ 205 bilhões no ano passado