O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) afirmou que irá realizar uma revisão geral de suas regras de monitoramento, classificação de risco e dos processos que utiliza para a fiscalização das pontes federais em todo o país. As mudanças também devem incluir a redução de prazo entre as inspeções realizadas pelas equipes regionais da autarquia.
Segundo matéria da Folha de São Paulo, a informação foi confirmada pelo diretor-geral do órgão federal, Fabrício Galvão. “O que nos causa estranhamento é que não houve nenhum registro ou alerta sobre a situação da ponte Juscelino Kubitscheck de Oliveira, na divisa do Tocantins com Maranhão. Puxamos as informações dos últimos três anos. A matriz não recebeu nenhuma notificação de problemas. Por isso, instalamos uma comissão imediatamente, para apurar essa situação”, disse Galvão.
Atualmente, o departamento utiliza um sistema que centraliza as informações sobre o status de cada ponte, sua classificação de risco, obras em andamento e intervenções necessárias. Ocorre que esse sistema é alimentado pelas inspeções humanas, que são feitas a cada um ano e meio — quando o prazo é cumprido.
A ponte que desabou sobre o Rio Tocantins estava na categoria 2 desta medição, que reúne pontes com estrutura em condição ruim. Na avaliação do Dnit, há cinco categorias de classificação sobre o estado das pontes federais, sendo 1-crítico; 2-ruim; 3-regular; 4-bom; e 5-ótimo.
“Precisamos aprimorar o sistema, reduzir o tempo de verificações, ter classificações mais rigorosas. Estamos trabalhando nisso. Vamos deixar nosso sistema ainda mais crítico, porque esse tipo de evento que ocorreu é inadmissível”, afirmou Galvão.
Na segunda-feira (23), o Dnit criou, por meio de uma portaria, uma comissão com quatro servidores que farão “procedimento de apuração preliminar” sobre a tragédia, identificando possíveis causas do acidente e responsabilidades, e atuará com apoio da área de uma auditoria interna do Dnit. O prazo para conclusão dos trabalhos é de 120 dias, o qual pode ser prorrogado, se for necessário.
A ponte
O diretor-geral do Dnit afirmou não saber informar se a ponte que desabou teve a sua última inspeção realizada por equipe local do próprio Dnit ou por alguma empresa terceirizada. Essa é uma das respostas que a comissão criada ficará responsável por obter.
“Normalmente, temos empresas contratadas que fazem inspeções e cadastram no sistema. A ponte que caiu deveria estar no nível 1, que é o mais crítico. Não poderia ser nível 2. Quando recebemos alertas, fazemos as interdições. Isso aconteceu, por exemplo, na Ponte do Fandango, no Rio Grande do Sul, na ponte do Igapó, no Rio Grande do Norte, e na ponte do Rio Cachorro, em Roraima. Fazemos interdições, restringimos a passagem, mas no caso da ponte Juscelino Kubitscheck, não tivemos esse tipo de alerta”, disse Galvão.
Galvão afirmou também que, nos próximos meses, uma nova instrução de serviço, para tornar o processo de monitoramento das pontes mais rigoroso, deve ser publicada. “Temos que tirar um aprendizado. O Dnit vai se debruçar sobre o seu sistema, e vai fazer uma revisão sobre as pontes das categorias mais críticas, a 1 e a 2, para tomar providências.”
Atualmente, o Dnit tem 241 pontes com serviços de reabilitação contratados e em andamento, iniciados após emissão de alertas recebidos pelo seu sistema.