Publicado em 23/04/2025 às 10h05.

Voepass abre pedido de recuperação judicial, declara dívidas e culpa Latam por piora financeira

Empresa declarou dívidas totais de R$ 429 milhões e alega que a Latam deixou de realizar pagamentos previstos em um acordo de compartilhamento de voos (codeshare)

Redação
Foto: VoePass/assessoria

 

A companhia aérea Voepass apresentou um pedido de recuperação judicial à Justiça de Ribeirão Preto (SP) na terça-feira (22), onde declara dívidas totais de R$ 429 milhões e culpa a Latam pela piora de sua situação financeira, que foi agravada após o acidente envolvendo um avião da empresa no município de Vinhedo, em agosto do ano passado.

Segundo matéria do Estadão, a condição econômica da companhia sofreu outra baixa em março deste ano, quando suas operações foram suspensas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Das dívidas da empresa aérea, R$ 209 milhões estão sujeitas à recuperação, dos quais há R$ 43 milhões em passivos trabalhistas, com mais de 400 processos, e R$ 3,4 milhões com empresas de pequeno porte.

A empresa ainda declarou outros R$ 187 milhões em dívidas com credores extraconcursais, ou seja, de créditos não sujeitos à recuperação. Há ainda uma dívida em dólar.

“O Grupo Voepass não poderia deixar de indicar, já na largada, que a principal responsável por sua crise econômico-financeira e pelo correlato pedido de Recuperação Judicial é a Latam”, afirma o documento entregue pela empresa à Justiça, e obtido pelo jornal Estadão/Broadcast.

A relação entre a Voepass e a Latam começou em 2014, quando as empresas firmaram um contrato de compartilhamento de voos (codeshare). No documento, no entanto, a empresa alega que esse acordo foi suspenso em setembro do ano passado, em 4 das 10 aeronaves integrantes do contrato.

Além disso, a companhia afirma que a Latam deixou de fazer pagamentos da ordem de R$ 34,7 milhões, valor referente a custos de manutenção das aeronaves paradas em solo, o que ajudou a agravar sua situação financeira. Procurada pelo Estadão, a Latam não respondeu até a publicação do texto.

Esta, porém, não é a primeira vez que a Voepass abre um pedido de recuperação judicial. Em outubro de 2012, quando ainda operava com o nome de Passaredo, a empresa buscou a Justiça para se proteger dos credores. O processo durou até 2017.

Desta vez, a Voepass chegou a conseguir, em fevereiro, uma medida na Justiça que suspendia, por 60 dias, os pagamentos dos passivos a seus credores. O prazo venceu justamente neste mês, o que obrigou a empresa a recorrer ao pedido de RJ.

“A iniciativa ocorre em um contexto desafiador para o setor aéreo regional, que passa por uma diminuição da oferta de acesso ao transporte aéreo no interior do Brasil, e reflete o compromisso da companhia em preservar sua operação, manter o atendimento aos clientes e honrar seus compromissos com colaboradores e fornecedores”, afirma nota à imprensa da Voepass.

“Com todo o cenário enfrentado pela companhia nos últimos meses, esta foi a única saída para realizar uma reestruturação completa e garantir que a Voepass volte a oferecer um serviço essencial para o desenvolvimento do Brasil”, ressalta o presidente da companhia aérea, José Luiz Felício Filho, na nota.

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