Publicado em 07/07/2025 às 11h42.

Na cúpula do Brics, Lula critica negacionismo e unilateralismo: ‘Sabotando nosso futuro’

As declarações foram feitas em uma plenária que discutia planos para enfrentar mudanças climáticas e ampliar o acesso à saúde para países em desenvolvimento

Redação
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (7), em discurso durante o último dia da Cúpula de Líderes do Brics, no Rio de Janeiro, que o negacionismo e o unilateralismo estão “corroendo os avanços do passado e sabotando o nosso futuro”. As declarações foram feitas na abertura de uma plenária destinada a discutir planos para enfrentar as mudanças climáticas.

Segundo matéria do jornal O Globo, a reunião também debateu a ampliação do acesso à saúde para nações em desenvolvimento. Ambas as pautas, do meio ambiente e saúde, são fortemente defendidas pelo Brasil em sua posição de presidência do grupo.

Em um tom semelhante ao de outras falas suas durante a Cúpula, Lula saudou ações multilaterais como a base para avanços na pauta climática e na promoção de saúde, obtidas nas últimas décadas, ao mesmo tempo em que apontou retrocessos: o aquecimento do planeta, citou o presidente, ocorre em ritmo mais acelerado do que o previsto, ao mesmo tempo em que os investimentos em combustíveis fósseis seguem elevados.

“Precisamos acessar e desenvolver tecnologias que permitam participar de todas as etapas das cadeias de valor. 80% das emissões de carbono são produzidas por menos de 60 empresas. A maioria atua nos setores de petróleo, gás e cimento”. “Os incentivos dados pelo mercado vão na contramão da sustentabilidade”, disse Lula.

O petista evitou mencionar, no entanto, que alguns dos maiores produtores e consumidores de petróleo e gás do planeta são membros do próprio Brics, como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Rússia e China. De acordo como ele,“será preciso triplicar energias renováveis e duplicar a eficiência energética”, e disse ser “inadiável promover a transição justa e planejada para o fim do uso de combustíveis fósseis e para zerar o desmatamento”.

Ao invés disso, Lula voltou suas críticas ao discurso negacionista sobre o efeito das mudanças climáticas, que é prevalecente no cenário atual de governos como o dos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que atacou o desprezo às instituições multilaterais: para ele, “o negacionismo e o unilateralismo estão corroendo avanços do passado e sabotando nosso futuro”. Não apenas sobre o clima.

“Apesar de ser um direito humano, bem público e motor de desenvolvimento, a saúde global também é profundamente afetada pela pobreza e pelo unilateralismo”, destacou Lula.

Lula também defendeu a realização de investimentos maiores em ações voltadas ao enfrentamento e adaptação às mudanças climáticas, tema que estava presente na declaração final dos líderes do Brics, emitida na véspera, e que se fará presente em uma declaração específica, a ser divulgada nesta terça-feira (8).

O texto deve ter como foco o estabelecimento de compromissos, ou tentativas de compromissos, visando a COP 30, que será realizada também no Brasil, na cidade de Belém, em novembro. O atual mandato do presidente Lula tem o evento como uma de suas prioridades.

O texto também deve tratar de compromissos, ou tentativas de compromissos, para a COP30, que será realizada em novembro, em Belém, e é uma das prioridades do atual mandato do presidente.

“Uma década após o Acordo de Paris, faltam recursos para a transição justa e planejada, essencial para a construção de um novo ciclo de prosperidade. Os países em desenvolvimento serão os mais impactados por perdas e danos”. “São também os que menos dispõem de meios para arcar com mitigação e adaptação. Justiça climática é apostar em ações comprometidas com o combate à fome e às desigualdades socioambientais”, afirmou.

O presidente concluiu sua fala defendendo gastos maiores com cuidado médico e também em melhores condições de vida para as populações, incluindo saneamento básico e moradia digna. E deixou no ar uma crítica direta aos países desenvolvidos.

“No Brasil e no mundo, a renda, a escolaridade, o gênero, a raça e o local de nascimento determinam quem adoece e quem morre. Muitas das doenças que matam milhares em nossos países, como o mal de Chagas e a cólera, já teriam sido erradicadas se atingissem o Norte Global”, destacou.

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