Jornalista com experiência na área cultural, com passagem pelo Caderno 2+ do jornal A Tarde. Atuou como assessor de imprensa na Viva Comunicação Interativa, produzindo conteúdo para Luiz Caldas e Ilê Aiyê, e também na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador. Foi repórter no portal Bahia Econômica e, atualmente, cobre Cultura e Cidade no portal bahia.ba.
DRT: 7543/BA
Publicado em 22/10/2025 às 12h25.
O insosso ‘Bom Menino’ aposta no ponto de vista de um cachorro contra o sobrenatural
O filme transforma o olhar de um cão em experimento narrativo curioso, mas esbarra na repetição e na falta de fôlego
João Lucas Dantas

O filme de terror Bom Menino (Good Boy), escrito por Ben Leonberg em colaboração com Alex Cannon, e dirigido pelo próprio Ben, parte de uma premissa interessante, onde acompanhamos o ponto de vista de um cachorro vivendo com seu tutor em uma casa amaldiçoada.
Através de uma impressionante performance canina da estrela Indy, o longa não vai muito além de uma mera ousadia narrativa ao longo das suas 1h13 minutos, com estreia marcada para o dia 30 de outubro nos cinemas brasileiros.
Um cão fiel se muda com seu tutor para uma casa de campo. Lá, ele descobre forças sobrenaturais escondidas nas sombras. Quando as entidades malignas ameaçam seu dono, o cachorro deve lutar para protegê-lo. É o que diz a sinopse oficial.
Cachorros no cinema
Não há nenhuma novidade em vermos o apelo canino sendo explorado nas telonas. Desde Lassie, A Força do Coração (1943); a animação 101 Dálmatas (1961); Beethoven (1992); até os melodramas de Marley & Eu (2008) e Sempre ao Seu Lado (2009), os cães sempre serviram como grande apelo emocional para tirar risadas fáceis e choros copiosos das plateias.
E, de alguma forma, sempre saímos surpreendidos com a capacidade dos cachorros de expressarem emoções tão reais nos filmes. Verdadeiras estrelas peludas nos encantaram ao longo dos anos, ganhando inclusive espaço no tapete vermelho do Oscar, como o protagonista canino do francês Anatomia de uma Queda (2023), após também roubar a cena.
Mas, pela primeira vez, temos uma gravação inteiramente sob os olhos do cachorro. Vemos apenas o que ele vê, vamos apenas aonde ele vai, interações somente sob a sua presença. Aqui, os humanos não são pontos focais. Na verdade, não vemos o rosto de quase nenhum ao longo de todo o filme, com apenas uma exceção, que aparece em telas de televisão. Nem mesmo o seu tutor é revelado propriamente aqui.
E que cachorro é o Indy. Sustentar mais de uma hora de filme demonstrando impressionantes emoções de alegria, medo, proteção, de forma tão genuína, é um verdadeiro feito que o diretor conseguiu alcançar com o seu próprio pet, diga-se de passagem. Se tivesse um prêmio de melhor atuação animal, já estaria cravado o nosso vencedor.

Foto: Reprodução/ Good Boy
Fiapo de história
Porém, tirando o fator da superperformance canina, não nos resta muita coisa. O filme é um grande experimento que parece ter sido movido por uma curiosidade muito natural dos tempos de redes sociais, em que os vídeos humorísticos de POV (Point of View, ponto de vista em português) tomaram conta de plataformas como o TikTok.
Vemos todo tipo de vídeo deste tipo nos dias de hoje, e o longa parece realmente feito para impressionar influenciadores da plataforma chinesa, que farão diversos conteúdos do tipo “conheça o filme de terror que se passa no ponto de vista de um cachorro” e que certamente despertará curiosidade de todo tipo de plateia pelo mundo.
Não há muito o que contar aqui e parece se estender numa ideia repetitiva. Nem a assombração é apresentada direito, o que é justificado pelo baixo orçamento de aproximadamente 750 mil dólares, valor muito abaixo do mercado hollywoodiano, feito de forma independente pela produtora do cineasta.
Alguns momentos são empolgantes, principalmente quando vemos só o cachorro em cena, tendo que lidar com todo tipo de situação adversa, que nos deixa apreensivo. E qualquer ser humano com o mínimo de sentimento vai se empatizar com a situação do pobre Indy, que sofre bastante ao longo do filme, porém sem nunca apelar para sentimentalismos gratuitos. É um cachorro bem-humorado no aspecto geral.
Mas, conforme a história se arrasta e as ideias começam a andar em círculos, sempre com os mesmos tipos de sustos e aparições inesperadas, é perceptível que talvez funcionasse melhor como um curta-metragem, ou até um TikTok de cinco minutos, se feito por algum influenciador mais bem-abastado e com vontade de filmar algo interessante.

Foto: Reprodução/ Good Boy
Ousado, porém esquecível
É um exercício criativo interessante e ousado, porém acaba se tornando tão insosso quanto picolé de chuchu. Sustos aqui são difíceis de cair. Toda a tensão vem do nosso fator demasiadamente humano de nos preocuparmos intensamente com o bem-estar de um cachorro fofo que nem conhecemos.
Mas, errando ou acertando, filmes assim merecem ser feitos, apoiados e vistos, porque ousar no cinema mainstream nos dias de hoje é algo raro — fugir dos enlatados hollywoodianos de franquias esquecidas que vemos ser reaquecidas o tempo todo para atrair novos públicos.
Mesmo que não seja um terror marcante ou memorável, vale pela tentativa, que parece se inspirar em uma mistura do primeiro A Morte do Demônio (1981) com o drama de um Sempre ao Seu Lado. Mas ao contrário destes outros citados, o elenco humano aqui em nada acrescenta, parecem compostos de atores amadores.
No fim das contas, Bom Menino tem grandes chances de ser amplamente debatido na internet e no boca a boca do público, já que o gênero é um grande atrativo para plateias do mundo inteiro, especialmente no mês do Halloween. O filme todo já valeria a pena o ingresso, mesmo que fosse para vermos o Indy apenas brincando de pegar bolinhas durante a uma hora de duração.
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