Publicado em 02/12/2025 às 11h55.

Edital Ouro Negro pode deixar blocos tradicionais fora do Carnaval 2026; entenda

Mudança impacta diretamente a distribuição de recursos e a permanência de grupos históricos na festa

Carolina Papa
Foto: @matheusl8/Redes Sociais

 

Cinquenta e um blocos e entidades culturais tradicionais podem ficar fora do Carnaval de Salvador 2026 após a Comissão de Seleção do edital Ouro Negro deixar de aplicar o remanejamento de faixas, procedimento previsto no instrumento convocatório e utilizado nos últimos três anos.

A mudança impacta diretamente a distribuição de recursos e a permanência de grupos históricos na festa. Entre os blocos que aparecem como suplentes neste resultado provisório, estão blocos como: Bloco da Saudade, Apaches do Tororó, Ara Ketu, Muzenza, Bankoma, Amor & Paixão, Arrastão do Samba, Filhos de Nanã, Pagode Total, Mundo Negro e Dandara. Muitos deles possuem décadas de atuação, forte trabalho comunitário e presença contínua nos circuitos oficiais.

Procurada pelo bahia.ba, a Secretária de Cultura do Estado da Bahia (Secult) pontuou que o “edital foi construído de forma democrática, com consulta pública, diálogo com representantes das entidades e oficinas de orientação”.

“A Secretaria Estadual de Cultura da Bahia (SecultBA) e a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (Sepromi) informam que o resultado final de mérito do Edital Ouro Negro 2026, divulgado nesta sexta-feira (28), segue rigorosamente os critérios estabelecidos no edital e foi analisado por comissões técnicas especializadas”, disse a pasta em comunicado.

“O Programa Ouro Negro reforça o compromisso do Governo do Estado com a valorização das expressões culturais de matrizes africanas, a partir do reconhecimento do papel dos blocos afro, afoxés, sambas, reggaes e de índio na formação da identidade cultural do povo baiano. O edital foi construído de forma democrática, com consulta pública, diálogo com representantes das entidades e oficinas de orientação. Em conformidade com o Marco Regulatório de Fomento à Cultura (Lei 14.903/24), o trâmite do edital separa as etapas de mérito e habilitação. A SecultBA e a Sepromi reafirmam a transparência e a lisura de todo o processo, cientes da importância de celebrar pelo crescimento e robustez do Programa Ouro Negro na Bahia”, acrescentou.

O advogado Caio Rocha, sócio do escritório Rocha & Advogados e responsável pela elaboração de mais de 30 projetos inscritos, entrou com pedido formal de revisão e solicitou reunião urgente com a Secretaria de Cultura da Bahia.

“A alteração inesperada no procedimento, sem aviso prévio às entidades, gerou impactos graves e contrariou expectativas legítimas construídas ao longo dos últimos anos. Não se trata apenas de valores, mas da permanência histórica dessas entidades no Carnaval e do papel fundamental que desempenham na preservação da cultura afro-baiana”, afirma Rocha.

O advogado solicita que a Comissão reavalie os projetos conforme prevê o Edital de Chamamento Público nº 002/2025, que autoriza expressamente o remanejamento de faixas mediante justificativa técnica. Prática que, até então, contribuía para maior equilíbrio entre as propostas avaliadas.

Carolina Papa
Jornalista. Repórter de política, mas escreve também sobre outras editorias, como cultura e cidade. É apaixonada por entretenimento, música e cultura pop. Na vida profissional, tem experiência nas áreas de assessoria de comunicação, redação e social media.

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