Jornalista com experiência na área cultural, com passagem pelo Caderno 2+ do jornal A Tarde. Atuou como assessor de imprensa na Viva Comunicação Interativa, produzindo conteúdo para Luiz Caldas e Ilê Aiyê, e também na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador. Foi repórter no portal Bahia Econômica e, atualmente, cobre Cultura e Cidade no portal bahia.ba.
DRT: 7543/BA
Publicado em 10/12/2025 às 15h45.
‘Família de Aluguel’ emociona ao transformar solidão em pertencimento
Com Brendan Fraser, drama sensível aposta na delicadeza dos laços humanos para reacender a fé na empatia
João Lucas Dantas

Foto: James Lisle/Searchlight Pictures
É difícil ver, hoje em dia, filmes que sejam tão cheios de coração a ponto de nos fazer querer acreditar novamente na humanidade, em tempos tão difíceis. Família de Aluguel (Rental Family, no original), estrelado magistralmente por Brendan Fraser (A Múmia), é um desses casos raros.
Dirigido por Hikari (co-responsável pela ótima série Treta), e com estreia marcada nos cinemas brasileiros para o dia 8 de janeiro de 2026, o longa chega como uma brisa de ar fresco, com uma história profundamente humana, em períodos dominados por personagens gerados por computação gráfica e pela crescente presença da inteligência artificial.
Em Tóquio, um ator americano, personagem de Fraser, Phillip Vanderploeg, à deriva, aceita um trabalho inusitado de atuar para uma agência de “famílias de aluguel”, assumindo papéis de pai, amigo ou companheiro para estranhos que precisam de companhia.
Aos poucos, o que parecia ser apenas um papel se transforma em vínculos reais e, ao vivenciar essas “famílias emprestadas”, ele redescobre o valor do pertencimento, da empatia e da conexão humana.

O choque cultural
Um dos pontos mais positivos da obra é tratar, com muita delicadeza, a questão do choque cultural de um americano vivendo no Japão. É um filme com escopo de produção hollywoodiano, mas essencialmente japonês. Mérito também de Brendan Fraser, que ainda arranha o idioma ao longo de todo o filme.
A história do estrangeiro em novas terras é antiga. Desde clássicos como Lawrence da Arábia (1962), passando por obras de diferentes estilos, como O Último Samurai (2003) ou Encontros e Desencontros (2003), obra com a qual este filme guarda algumas semelhanças, já que também é ambientado no Japão.
O grande diferencial aqui é a diretora japonesa e o fato de todo o restante do elenco, à exceção de Fraser, ser de origem asiática. Hikari nos conduz por todo tipo de cenário de seu país de origem, das ruas movimentadas aos subúrbios calmos de conjuntos habitacionais, passando por karaokês, escritórios, pela natureza local e por grandes casas. Tudo é feito de maneira muito fluida e calma, dando espaço para o espectador respirar e apreciar belas paisagens.
Essa naturalidade e respeito à cultura local fazem toda a diferença ao tratar de um tema delicado, que acabou ganhando visibilidade internacional, as chamadas “famílias de aluguel”, que existem no Japão e são um fenômeno real, mas é importante colocar em perspectiva que não são algo “comum” no dia a dia da maioria das pessoas, e sim um serviço de nicho.

O conforto da gentileza
A trama do filme não busca reinventar a roda, nem se apoiar em surpresas inesperadas. Na verdade, é uma história que se desenrola de maneira bastante previsível, mas em nenhum momento isso se torna um demérito.
Com um bom humor proporcional ao carisma de seus protagonistas, vemos muitos momentos ternos, capazes de aquecer o coração, ao mesmo tempo em que essa prática de “alugar” pessoas recebe sua dose de crítica e questionamento por parte do filme.
O elenco de apoio, formado por Takehiro Hira (Xógum), Mari Yamamoto (Monarch: Legado de Monstros) e, principalmente, Shannon Mahina Gorman — a atriz mirim que vive a “filha emprestada” de Phillip — completam perfeitamente o trabalho do protagonista, repletos de boa vontade, entregam performances sutis, mas cheias de alma.
Mesmo sendo possível adivinhar os rumos que o filme irá tomar, não deixa de ser uma história reconfortante sobre se encontrar no mundo e sobre as famílias e amizades que podemos fazer pelo caminho. Brendan Fraser combina muito bem com esse tipo de papel.
Conclusões
Vencedor do Oscar por A Baleia (2022), um filme de intenções duvidosas, que serviu sobretudo ao objetivo de recolocar o ator no mapa de Hollywood, e que bom que o fizeram, porque é um ator cuja presença fez falta nos filmes americanos.
A direção de fotografia de Takuro Ishizaka aproveita bem toda a beleza natural do Japão, ao mesmo tempo em que faz ótimo uso das luzes de neon que dominam a cidade, em meio ao contraste da natureza com a selva de pedras da cidade.
O roteiro, assinado pela própria Hikari em parceria com Stephen Blahut, aproveita bem os absurdos desse tipo de situação, ao mesmo tempo em que lança o olhar crítico necessário para abordar o tema.
O espírito do longa lembra muito o do também japonês Dias Perfeitos (2023), de Wim Wenders, que aborda a simplicidade do dia a dia e nos faz querer valorizar mais a beleza do nosso cotidiano.
O resultado é um filme que faz rir, emociona e desperta a sensação reconfortante de que ainda é possível acreditar na bondade e na gentileza entre as pessoas. Talvez não entre na lista dos mais marcantes de 2025, mas, sem dúvidas, passa a sensação de ter visto um ótimo filme na Sessão da Tarde, e isso posto da forma mais elogiosa possível.
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