Publicado em 12/04/2017 às 10h04.

Todos juram inocência, mas no senso comum, muito pelo contrário

Os integrantes da lista de Fachin, bom ressalvar, não são culpados. A ordem é investigar, dar respostas às indagações. Mas se são investigados, são suspeitos

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“É o meio político brasileiro. Só se pode tolerá-lo tapando as narinas

Paulo Francis, jornalista que morreu em 1997, respondendo a um processo por ter dito que havia corrupção na Petrobras (1930-1997)

Foto: Carlos Humberto/SCO/STF
Foto: Carlos Humberto/SCO/STF

 

Exatamente do que ACM Neto é acusado a partir das delações da Odebrecht? E Jaques Wagner? E os outros 19 baianos listados pelo ministro Edson Fachin, a partir das delações da Odebrecht?

Vamos pôr os pingos nos ‘ís’ para entendermos melhor o cenário:

1 – Já se sabia que a banda baiana da Odebrecht viria gorda. Afinal, a empresa é baiana.

2 – Também se sabe que a construtora nunca foi casa de caridade. Distribuía dinheiro com todos, ou por interesse objetivos, o toma lá, dá cá, ou para vender simpatias apostando no futuro. E de onde tirava o dinheiro? Das obras públicas, óbvio.

3 – Também é notório que o sistema político brasileiro funcionava assim, com políticos de todos os partidos.

4 – Mas também está claro que as doações empresariais legais escancararam as portas pra o jogo sujo, o caixa 2.

5 – E por último, todos os políticos citados juram inocência.

Os integrantes da lista de Fachin, bom ressalvar, não são culpados. A ordem é investigar, dar respostas às indagações. Mas se são investigados, são suspeitos. Como também é óbvio que todos se dizem inocentes, mas não é nada disso.

Só para citar dois exemplos recentes: Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara, preso e condenado, com todas as provas evidentes sobre falcatruas a ele atribuídas, jurava inocência. E agora, o caso mais emblemático no Rio. O ex-secretário da Saúde de Sérgio Cabral, Sérgio Cortês, aparecia na mídia como arauto do combate a corrupção. E era o chefe do esquemão.

Aguardemos o resultado das investigações com o detalhe: os inquéritos abertos a partir das delações da Odebrecht simplesmente são mais da metade de toda a Lava Jato. Ou seja, vão demorar.

E até se saber quem é lagartixa e quem é jacaré, todos são culpados até que provem o contrário.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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