Publicado em 03/01/2025 às 14h27.

Mega tendência para 2025 – ‘A metamorfose no conceito de ESG’

Artigo do economista Antonio Carlos F. Dultra (foto)

Redação
Foto: Arquivo pessoal

 

A motivação do artigo

Recentemente assisti no Podcast Market Makers uma excelente entrevista com o conceituado economista, sociólogo e diplomata Marcos Troyjo. Nela, ele expôs sua percepção sobre quais seriam as 7 megatendências que vão transformar o mundo no ano de 2025. Todas elas muito interessantes, mas para mim, que acabo de assumir a presidência da organização social Softex Salvador – BA, uma organização sem fins lucrativos que tem como um dos focos promover a capacitação de jovens e adultos nas novas tecnologias da indústria de TIC, me saltou aos olhos a 6ª megatendência onde ele sugere que haverá “a metamorfose no conceito de ESG, onde a ênfase gigante nos temas ambientais (E), será equilibrada com o novo foco no social (S), decorrente da elevada influência das tecnologias de TIC, inclusive com o uso da IA, têm no mundo do trabalho, no mundo do propósito e da formação de habilidades nas pessoas, principalmente os jovens.”

– Concordo plenamente com o colega economista Marcos Troyjo, e apresento a seguir minhas reflexões, ideias proposições sobre o tema:

A Importância do “S” na Sigla ESG: Uma Reflexão para 2025.

A sigla ESG, que abrange os pilares ambiental (Environmental), social (Social) e de governança (Governance), tem sido amplamente adotada como um norteador estratégico para organizações que buscam alinhar suas operações a princípios sustentáveis. No entanto, a ênfase desproporcional ao “E” em detrimento do “S” e do “G” tem gerado discussões importantes sobre o equilíbrio necessário entre esses pilares. Com as rápidas transformações tecnológicas impulsionadas pelas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e pela Inteligência Artificial (IA), a relevância do “S” está crescendo e deverá atingir uma nova dimensão em 2025.

O “S” em Transição: De Apoio à Centralidade

Historicamente, os aspectos sociais no ESG englobaram temas como diversidade, equidade, inclusão, direitos humanos e bem-estar dos trabalhadores. Embora essenciais, esses pontos muitas vezes foram tratados como complementares às questões ambientais mais urgentes, como mudanças climáticas e descarbonização. Porém, a revolução tecnológica em curso está reconfigurando o mercado de trabalho, os propósitos organizacionais e a formação de habilidades nos jovens e adultos.

As TIC com a IA estão criando um novo cenário de exigências profissionais. A automação e os algoritmos já transformam setores inteiros, gerando a necessidade de capacitar jovens empreendedores, jovens a inserir no mercado de trabalho, trabalhadores para novas funções e promover um aprendizado adequado. Nesse contexto, o “S” não pode mais ser secundário: o sucesso da transição digital e sustentável dependerá de uma força de trabalho bem preparada e adaptável.

Capacitação como Prioridade Estratégica

Com a rápida evolução das tecnologias, a capacitação do contingente economicamente ativo torna-se urgente. Governos, empresas, organizações sociais, a academia e instituições de ensino precisam se engajar para garantir aos jovens que ingressam no mercado de trabalho e aos trabalhadores já em atividade, que adquiram as habilidades necessárias para sobreviver e prosperar em um mundo digital. Isso inclui:

Investir em educação e requalificação: Programas de aprendizado de curta duração e rápido aprendizado, tornam-se indispensáveis para garantir que jovens tenham acesso e trabalhadores se mantenham em um mercado de trabalho em constante evolução.

Promover a equidade digital: É vital reduzir desigualdades no acesso à tecnologia, especialmente em regiões e comunidades historicamente marginalizadas.

Fomentar a inclusão tecnológica: Iniciativas que integrem populações vulneráveis, jovens e adultos, no ecossistema digital serão fundamentais para evitar que a transformação digital amplie as desigualdades existentes.

OBS.: Iniciativas como essas estão propostas no Plano Brasil Digital 2030+, elaborado pelo CDESS – Governo Federal, organizado pela BRASSCOM, com apoio da ABES

Equilibrando o S com o E

O papel central das tecnologias emergentes exige uma abordagem equilibrada entre os pilares ESG. Assim como o “E” demanda esforços ambientais robustos, o “S” demanda uma atenção urgente à transformação social provocada pela tecnologia. Essa metamorfose do ESG para 2025 não implica a desvalorização das questões ambientais, mas sim a compreensão de que os desafios sociais são igualmente críticos para o futuro sustentável.

As organizações sociais como SOFTEX Salvador – BA que promovem e as empresas que integram a capacitação tecnológica, a equidade social e o fortalecimento comunitário às suas estratégias ESG estarão liderando a vanguarda dessa mudança. Mais do que uma questão de responsabilidade corporativa, essa é uma necessidade estratégica para criar valor em um mundo cada vez mais interconectado e tecnologicamente avançado, assim como contribuir substancialmente para evitar a exclusão de milhares de jovens do mercado de trabalho.

Consequências do Não Uso ou Desigualdade no Uso de Tecnologias de TIC com IA

A acessibilidade às tecnologias de TIC com uso de inteligência artificial (IA) tem transformado profundamente o ambiente econômico global, impulsionando produtividade e eficiência em vários setores. Contudo, a desigualdade no uso e adaptação dessas ferramentas pode trazer consequências significativas para a competitividade nacional e para os trabalhadores que não se qualificarem de imediato. A seguir, uma análise dessas possíveis consequências:

1. Consequências para a Competitividade da Nação

1.1. Redução da Competitividade Internacional

Desigualdade no Mercado Global: Nações que não adotam tecnologias de TIC com IA em larga escala correm o risco de ficarem para trás em termos de produtividade, inovação e custo operacional. Empresas globais que utilizam essas tecnologias têm vantagem em análise de dados, automação e tomada de decisão, resultando em produtos mais competitivos e baratos.

Menor Atração de Investimentos: Investidores tendem a priorizar países com força de trabalho qualificada em tecnologia de ponta e ecossistemas que suportem inovação, como startups tecnológicas e regulamentações favoráveis.

1.2. Declínio em Indústrias Tradicionais

Perda de Relevância: Indústrias que não adotam tecnologias de TIC com IA podem perder mercado rapidamente para concorrentes internacionais mais avançados.

Fuga de Talentos: Profissionais qualificados em tecnologias de TIC com IA podem migrar para países com melhores oportunidades, agravando o déficit tecnológico.

1.3. Fragilidade Econômica

Dependência Externa: Países sem domínio da tecnologia tornam-se dependentes de soluções estrangeiras, o que pode aumentar os custos e reduzir a autonomia tecnológica.

Estagnação em Inovação: A falta de desenvolvimento tecnológico local reduz o surgimento de novos produtos e serviços, limitando o crescimento econômico.

2. Consequências para os Novos Trabalhadores Economicamente Ativos

2.1. Desemprego e Subemprego

Automação de Tarefas Repetitivas: Trabalhadores em funções operacionais e administrativas são os primeiros a serem substituídos por sistemas automatizados.

Exclusão Digital: Sem acesso ou treinamento em tecnologias modernas, muitos trabalhadores podem ser excluídos do mercado formal.

2.2. Perda de Competitividade Individual

Menores Salários: Trabalhadores não qualificados tendem a ocupar posições com baixa remuneração devido à baixa demanda por suas habilidades.

Redução de Mobilidade Profissional: A falta de habilidades em tecnologias de TIC com IA pode limitar as possibilidades de crescimento dentro de empresas que priorizam tecnologia.

2.3. Barreiras ao Empreendedorismo

Dificuldade em Escalar Negócios: Novos empreendedores que não utilizam tecnologias de TIC com IA podem enfrentar dificuldade em competir com empresas mais avançadas.

Baixa Eficiência: Ferramentas de TIC com IA podem ajudar na gestão de negócios, marketing, logística e atendimento ao cliente; sem elas, o crescimento é mais lento e custoso.

3. Efeitos Sociais e Educacionais

Aumento da Desigualdade Social: A diferença entre trabalhadores qualificados e não qualificados pode se ampliar, criando disparidades sociais.

Pressão no Sistema Educacional: Governos precisarão investir pesadamente em educação tecnológica e requalificação da força de trabalho para mitigar os efeitos.

Transformação Cultural: Uma adaptação cultural é necessária para que a força de trabalho e a sociedade em geral reconheçam a importância do aprendizado contínuo.

A transição tecnológica da TIC impulsionada pela IA é inevitável, mas com uma abordagem proativa, as consequências negativas podem ser mitigadas. Países e indivíduos que se adaptarem rapidamente colherão os maiores benefícios, enquanto os que resistirem enfrentarão desafios mais acentuados em um mercado global cada vez mais competitivo.

Iniciativas podem ser promovidas por organizações sociais como SOFTEX Salvador – BA e implementadas pelas áreas de ESG das empresas públicas e privadas, pelas prefeituras municipais, para jovens brasileiros, principalmente aqueles interessados em trabalhar na área de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação), através de cursos rápidos e práticos de até 6 meses que podem proporcionar capacitações valiosas. Estas disciplinas permitem inserção no mercado de trabalho como empregados ou empreendedores individuais (MEI). Abaixo estão sugestões baseadas nas demandas do mercado e acessibilidade para jovens:

1. Desenvolvimento Web

– Conteúdo: HTML, CSS, JavaScript, frameworks como React ou Vue.js.

– Por que é relevante? Alta demanda por websites e sistemas online. Jovens podem trabalhar como freelancers ou integrar empresas de TI.

2. Suporte Técnico e Redes

– Conteúdo: Manutenção de computadores, configuração de redes, fundamentos de segurança cibernética.

– Por que é relevante? Muitas empresas precisam de suporte interno ou terceirizado.

3. Edição de Vídeo e Design Gráfico

– Conteúdo: Software como Adobe, Photoshop, Canva, e ferramentas de edição gratuita.

– Por que é relevante? Alta procura para produção de conteúdo digital.

4. Marketing Digital

– Conteúdo: Gestão de redes sociais, anúncios pagos no Google, Instagram e Facebook…

Por que é relevante? Pequenos e médios negócios precisam de presença digital.

5. Programação Básica

– Conteúdo: Lógica de programação, Python ou JavaScript para iniciantes.

– Por que é relevante? Base para seguir em áreas como automação ou ciência de dados.

6. E-commerce e Vendas Online

Conteúdo: Configuração de lojas virtuais (Shopify, Mercado Livre, Shopee), marketing de afiliados.

Por que é relevante? Jovens podem começar seus próprios negócios digitais.

7. Automação e Robótica

Conteúdo: Introdução ao Arduino, Raspberry Pi, e automação de processos simples.

Por que é relevante? A automação está presente nos setores industriais e domésticos.

Autor do artigo: Antonio Carlos F. Dultra, economista com MBA em Administração e Marketing, 25 anos de experiência como executivo no setor industrial privado e consultor empresarial, ex-diretor de Adm. e Finanças na Prodeb, ex-secretário interino e chefe de gabinete da Secretaria de Desenv. Urbano do Governo do Estado da Bahia – SEDUR – BA. Atualmente exerce a função de consultor em transformação digital na SAEB/Prodeb. #Linkedin: Antonio Carlos F. Dultra / # E-mail: acdultra@uol.com.br

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