Publicado em 26/08/2020 às 16h40.

Secretaria de Segurança conclui inquérito e aponta que miliciano atirou 7 vezes contra policiais

Laudo da Polícia Técnica mostra que Adriano da Nóbrega não foi executado, nem torturado e morreu em troca de tiros com PMs

Arivaldo Silva
Foto: Alberto Maraux/SSP-BA
Foto: Alberto Maraux/SSP-BA

 

A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) divulgou nesta quarta-feira (26) a conclusão do inquérito sobre a morte do miliciano Adriano da Nóbrega, em 9 de fevereiro deste ano. Com o resultado da reprodução simulada, promovida pelo Departamento de Polícia Técnica da Bahia (DPT-BA), ficou confirmado que o ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro, atirou sete vezes contra três policiais militares baianos.

Adriano foi morto em um sítio no município de Esplanada, pertencente a um vereador do PSL. Ele era considerado o chefe da milícia Escritório do Crime e estava foragido da Justiça havia mais de um ano.

Depois da morte do miliciano, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) escreveu que havia suspeita que Adriano tivesse sido torturado. Quando era deputado estadual do RJ, Flávio empregou a mulher e a esposa de Adriano em seu gabinete e o homenageou com a medalha Tiradentes, a mais alta honraria da Assembleia Legislativa fluminense.

“Rachadinha”

Adriano era um dos investigados por participação no suposto esquema de desvio de salários de funcionários do gabinete de Flávio na Alerj. O senador nega irregularidades.

“Através dos depoimentos de testemunhas e dos envolvidos, além dos exames do DPT, percebemos que os policiais atuaram na tentativa de efetuar a prisão e acabaram entrando em confronto, após disparos de Adriano”, afirmou o diretor do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), delegado Marcelo Sansão.

Reconstituição

Reconstituição do caso. Foto: Alberto Maraux/SSP-BA
Reconstituição do caso. Foto: Alberto Maraux/SSP-BA

 

O perito criminal José Carlos Montenegro, que apresentou os resultados da reconstituição em coletiva de imprensa nesta quarta-feira, reafirmou que Adriano foi atingido por dois tiros, após disparar sete vezes contra três policiais que entraram na casa onde ele estava escondido. Dois projéteis atingiram o escudo dos policiais e os outros a parede e uma janela do imóvel.

Montenegro afirmou ainda que os três policiais envolvidos na ação apresentaram versões convergentes do fato. Ele disse que, após avistarem Adriano, os agentes começaram o deslocamento, mas que o suspeito correu para dentro do imóvel do sítio.

“Os policiais, ao se aproximarem da porta, verbalizam para o interior [do imóvel] que o indivíduo se rendesse e saísse, não havendo qualquer resposta no interior da casa. Diante do silêncio e ausência de resposta, o tenente deu a ordem para arrombamento da porta principal. Os disparos são efetuados no momento em que o aríete é usado para arrombar a porta, e a guarnição se depara com suspeito armado. A guarnição se deparou, e o escudo recebe os primeiros tiros. A guarnição estava sob a proteção do escudo. Não só ele recebe disparos, a parede posterior à célula tática [policiais] também foi atingida – janela e porta frontal”, explica o perito.

Ainda segundo a nota da SSP-BA, o diretor do Instituto Médico Legal (IML), perito médico legal Mário Câmara, reforçou que a necropsia não constatou tortura e nem tiros com as armas encostadas em Adriano. “Foram dois tiros que atingiram Adriano, em distâncias superiores a um metro”, concluiu Câmara.

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