Publicado em 12/05/2020 às 14h59.

Ídolo do Vitória, Índio trava luta caseira contra o coronavírus

"Tá tudo em ordem, nos conformes, e agradecendo a Deus aí que eu tô aqui, e que vocês se cuidem e fiquem em casa, viu? Um abraço!"

Redação
Foto: arquivo pessoal
Foto: arquivo pessoal

 

Por Aurélio Nunes (colaboração para o bahia.ba)

A imagem do artilheiro correndo até a beira do campo para celebrar o gol com uma flechada imaginária ficou no passado, mas o torcedor rubro-negro não esquece o ídolo. Prova disso são os inúmeras ligações que Índio vem recebendo desde que foi noticiada sua internação em um hospital São José, em Fortaleza.

Aos 38 anos, já aposentado do futebol profissional, Antonio Rogério Silva Oliveira deu entrada na emergência do Hospital São José no último dia 5 com diagnóstico de pneumonia e saiu dois dias depois com a confirmação de testagem positiva para o novo coronavírus.

Enquanto o marido busca forças para se recuperar em casa, na Granja Portugal, zona oeste da capital cearense, é a mulher dele, a empresaria do ramo de moda Meireany Costa, 32, quem faz o papel de cuidadora e porta-voz do atacante, atendendo as ligações e respondendo às mensagens de apoio que chegam pelas redes sociais. “Tem sempre alguém perguntando por ele”, confirma Meireany, que deixou os filhos na casa da mãe exclusivamente para se dedicar ao tratamento do marido.

Ainda a abatido depois de uma semana de cama, somente ontem Índio conseguiu gravar uma mensagem aos fãs: “Olá galera, passando aqui rapidinho pra dizer que tá tudo em ordem, nos conformes, e agradecendo a Deus aí que eu to aqui, e que vocês se cuidem e fiquem em casa, viu? Um abraço!”

Décimo quarto maior artilheiro da história do Vitória, com 69 gols em 135 partidas, Índio teve uma passagem marcante pelo clube entre os anos de 2005 a 2008, com um título estadual em 2007 e dois acessos consecutivos no campeonato brasileiro. Foi artilheiro do Baianão de 2007, com 26 gols, oito deles contra o Bahia. Foi a estrela de um dos mais mais antológicos ba-vis já disputados, com quatro gols marcados, o último deles aos 48 minutos do segundo tempo, que decretou o emocionante triunfo por 6 a 5 sobre o rival.

Afastado dos gramados desde o ano passado, quando defendeu a Seleção de Itapetinga no Intermunicipal, Índio teve febre, dores no corpo, tosse e cansaço, mas, teimoso, só aceitou buscar tratamento depois de sentir tontura e falta de ar.

Ele ainda está sem olfato e sem paladar. Foi tratado com a combinação da azitromicina com a hidroxicloroquina, versão menos tóxica da polêmica cloroquina. Na Bahia, o protocolo é que esse tratamento só deve ser ministrado a pacientes internados na rede hospitalar. Mas a realidade é diferente. no Ceará, estado que ultrapassou a marca de 1,1 mil óbitos , o terceiro maior do país, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro,

“Deram a ele os medicamentos no hospital por dois dias. Ele reagiu bem, não precisou ir para o oxigênio e recebeu alta porque aqui os hospitais estão lotados e precisando liberar leitos para os casos mais graves. Por isso fizemos o restante do  tratamento em casa”, explicou Meireany.

Ela não sabe se foi infectada pela Covid-19, porque não há testes disponíveis para casos como o dela. “Aqui em Fortaleza só as pessoas internadas estão sendo testadas, mas o médico disse que tem 99% de certeza que eu já fui contaminada, até porque eu também fiquei doente há uns 10 dias, junto com meu marido”, relata.

Por enquanto, o casal cumpre a quarentena em casa. Mãe de dois filhos de outro casamento, ela passou o Dia das Mães, celebrado no último domingo, sem poder ter contato com as crianças, que estão na casa da avó. “Eu estou bem, Deus está me dando saúde e forças pra cuidar do meu marido. Essa é a minha missão e ele vai sair dessa”, confia.

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.