Publicado em 27/04/2020 às 12h31.

Lojistas pedem cautela sobre comércio: ‘Não podemos abrir e voltar a fechar’

Presidente do Sindilojas, Paulo Motta elencou ao bahia.ba algumas preocupações sobre retomada durante pandemia: "Situação está insustentável"

Rayllanna Lima
Fotos: Leitor do bahia.ba
Fotos: Leitor do bahia.ba

 

A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) fechou as portas do comércio em quase todo o mundo. A retomada é incerta, sobretudo em Salvador, que ainda nem atingiu o pico de maior contágio da doença, previsto para meados de maio.

Como ainda não há soluções concretas para acabar com a crise que parou o mundo, entidades têm pedido cautela para os planos de retomada do comércio. “Não podemos abrir correndo o risco de aumentar os índices do vírus e ter que voltar a fechar”, disse ao bahia.ba o presidente do Sindilojas (Sindicato dos Lojistas do Comércio do Estado da Bahia), Paulo Motta.

Em sua análise, qualquer medida adotada neste momento, pensando na reabertura do comércio, precisa ser minuciosamente estudada. “Voltar a funcionar requer uma série de estratégias. O consumidor se sente seguro de frequentar o comércio de rua e os centros comerciais? Vamos abrir e ficar sem produção? Sem consumidor, sera só mais gasto. Com o consumidor indo, como faremos para que o comércio não seja gerador do vírus para que as atividades continuem funcionando? Como pode ser feito esse controle da higienização de saúd para que o contágio não volte a crescer e nos obrigue a fechar novamente?”, questionou.

Motta chamou a atenção ainda para a situação dos trabalhadores.”Nossos parceiros, em sua maioria, utilizam o transporte coletivo e mora em regiões populares da cidade, onde a exposição do vírus é muito forte. Como vão se sentir seguros deixando seu bairro e pegando ônibus para se deslocarem para o local de trabalho? Vimos o caso recente de Belém, que abriu e teve que voltar a fechar porque surgiu exposição maior do vírus. Não queremos que isso aconteça aqui, queremos voltar ao funcionamento normal”, declarou.

O presidente do Sindilojas ponderou, contudo, que a situação é muito crítica e não sabe por mais quanto tempo o comércio aguenta fechado sem entrar em colapso. A luz no fim do túnel, segundo ele, ainda está longe de ser encontrada. “Teremos muitas lojas fechadas, demissões. Confesso que não consigo ver essa luz para retomar o comércio. O que ratifico é que essa situação está ficando insustentável de manter”.

Impostos

Apesar de não conseguir indicar possíveis soluções, Paulo Motta chama a atenção dos governos federal, estadual e municipal sobre a cobrança de impostos e diz que o Brasil precisa se referenciar às medidas adotadas e bem sucedidas em outros países.

“Até agora não houve nenhum tipo de solução sobre os impostos. Continuam sendo cobrados IPTU, ISS, ICMS, tudo. Não houve busca de alternativa para as empresas, que quando tudo isso passar estarão exportas a multas. Os bancos estão fazendo miséria. O juros dobrou. Os financiamentos estão extorsivos. A forma como vamos superar essa crise vai depender muito de como os poderes públicos vão encontrar mecanismos para a cadeia produtiva”, afirmou.

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