Publicado em 14/07/2020 às 17h57.

Pioneiro no Brasil, teste para detectar coronavírus pela saliva é desenvolvido pela UFBA

Teste ainda não é realizado em grande escala, sendo aplicado apenas em trabalhadores do hospital e pacientes internados, com sintomas da doença

Arivaldo Silva
Foto: Reprodução/ Meatable
Foto: Reprodução/ Meatable

 

Pesquisadores do Laboratório de Pesquisa em Infectologia, do Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes), da Universidade Federal da Bahia (UFBA) conseguiram padronizar o uso de saliva como teste para detecção do novo coronavírus. Trata-se de uma ação inédita no Brasil, que está em estudo e aplicação há cerca de dois meses, em pacientes e colaboradores do hospital universitário, que apresentem sintomas compatíveis com o Covid-19. A unidade hospitalar é vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Hupes-UFBA/Ebserh).

De acordo com o complexo hospitalar, o teste ainda não é realizado em grande escala, sendo aplicado apenas em trabalhadores do hospital e pacientes internados, que apresentem sintomas da doença. Até o momento foram aplicados cerca de 150 testes. O exame é feito gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e não está disponível para aquisição da população em geral.

Procedimento tem menor custo, é menos invasivo e apresenta menor risco de contaminação para funcionários

O procedimento através da coleta da saliva se caracteriza por não ser invasivo – menos desconforto para o paciente-, e apresentar menor risco de contaminação para funcionários, pois é coletado pelo próprio paciente. O procedimento também tem um menor custo, uma vez que não envolve meio de transporte e tubos, apenas um coletor de urina, estéril. Também não há necessidade de uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), que é necessário, por exemplo, quando se coleta por nasofaringe.

Ao bahia.ba, o professor de Infectologia da Faculdade de Medicina da UFBA e coordenador do Laboratório de Pesquisa em Infectologia do Hupes, Dr.Carlos Brites, disse que o teste para detecção do coronavírus pela saliva é baseado em sequências de RNA específicas do vírus da Covid-19 e que o propósito é expandir a testagem para além dos muros do hospital universitário, ampliando a escala, pois este teste custa 50 vezes menos, do que o PCR, por exemplo.

“A utilização deste procedimento pode ampliar significativamente o número de testes realizados, pois é mais simples, mais rápida e de menor custo, além de não oferecer riscos de contaminação durante a coleta. Com o swab de nasofaringe ocorre irritação de vias aéreas com desconforto para o paciente, além de risco de espirros, tosse, e até vômitos durante o procedimento, aumentando a chance de contaminação do ambiente e do responsável pela coleta”, pontuou Dr. Brites.

Ainda segundo o Dr. Brites, outro benefício da detecção por saliva é a possibilidade da realização de vários testes ao mesmo tempo, procedimento chamado de “esquema pool”. “Coletamos amostras de cinco pacientes e juntamos em um único recipiente, homogeneizamos e testamos como se fosse amostra única. Se o resultado for negativo, não precisa fazer mais nada. Caso seja positivo, testamos as amostras 2 a 2, para identificar qual foi positiva. Como pelo menos metade dos testes realizados na rotina são negativos, isso economizará recursos, pois menos testes serão necessários ao final”, explica o infectologista.

Recursos de R$ 274 milhões para ações contra o coronavírus

Desde os primeiros anúncios sobre a Covid-19, a Rede Ebserh tem trabalhado em parceria direta com os ministérios da Saúde e da Educação, para definir estratégias e ações em nível nacional para o enfrentamento da pandemia, tendo como diretrizes o monitoramento da situação no país e em suas 40 unidades hospitalares.

A Rede disponibilizou R$ 274 milhões para ações contra o coronavírus, recursos do Ministério da Educação (MEC), que são liberados pela Ebserh de acordo com a necessidade e urgência de cada unidade hospitalar. A verba está sendo utilizada em adequação da infraestrutura, aquisição e manutenção de equipamentos, compra de medicamentos e outros insumos, além de equipamentos de proteção individual.

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