Publicado em 18/02/2021 às 07h57.

Plano de Pazuello ignora atrasos de matéria-prima da CoronaVac e inclui vacinas sem registro

Ministro da Saúde apresentou cronograma impreciso em reunião com governadores

Redação
Foto: Eramos Salomão/ Ministério da Saúde
Foto: Eramos Salomão/ Ministério da Saúde

 

Pressionado pela escassez de doses de vacina da Covid-19, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, repetiu na quarta-feira (17) que toda a população será imunizada em 2021.

Reportagem do Estadão destaca, porém, que ele apresentou aos governadores cronograma que prevê a entrega até de vacinas que ainda não foram contratadas ou aprovadas para uso no Brasil, como Sputnik e Covaxin. O calendário federal também ignora atrasos, como a demora na chegada dos insumos para a produzir a CoronaVac.

“Temos uma previsão fantástica de recebimento de vacinas”, afirmou Pazuello aos governadores, segundo uma autoridade que acompanhou a reunião.

O cronograma de Pazuello apontava que o Brasil receberia cerca de 454,9 milhões de doses de vacinas em 2021 e traz detalhamento mês a mês. Para março, o governo federal prevê 400 mil doses da russa Sputnik. O pedido de aplicação emergencial ainda está sob análise da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que já facilitou as regras para liberar esse tipo de uso no Brasil.

A pressão para descomplicar o caminho da Sputnik vem de parlamentares, que tentam mudar regras por meio de medida provisória. No plano de Pazuello, a ideia é usar 10 milhões de doses do imunizante, importadas da Rússia.

A Covaxin já teve a aprovação para uso emergencial na Índia, mas os dados da fase 3 dos ensaios clínicos do imunizante, que mostram a taxa de eficácia, ainda não foram divulgados. A apresentação desses resultados é essencial para a aprovação do produto pela Anvisa.

No caso da CoronaVac, a programação federal desconsidera problemas na entrega de insumos e doses do imunizante, que prejudicaram a fabricação local da CoronaVac.

Em janeiro, a China atrasou a liberação da matéria-prima da CoronaVac no Brasil, o que fez autoridades paulistas reivindicarem ação diplomática federal para destravar a remessa e falarem em interrupção da produção.

Os insumos só chegaram no Brasil no dia 3. Segundo já previa a direção do Instituto Butantan na época, as doses prontas só poderiam ser distribuídas para o SUS (Sistema Único de Saúde) 20 dias depois.

Pelo contrato original, era prevista a entrega de 9,3 milhões de doses até 28 de fevereiro. Neste mês, porém, o Butantan entregou 1,1 milhão no dia 5 e, a partir do dia 23, prevê a entrega de mais 3,4 milhões de doses, durante oito dias. O ministério, porém, ainda contabiliza as 9,3 milhões de doses em fevereiro. Em nota, o Butantan culpou o governo federal pelo atraso.

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