Bancos inundam mercado de CDBs de inflação; veja quanto pagam e se taxa compensa
Analistas projetam crescimento da oferta desses papéis, que voltaram dominar emissões em julho
No início de março, os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) com remuneração atrelada à inflação cresceram e ultrapassaram os prefixados em número de emissões. Depois, o movimento perdeu força e eles voltaram a ser a “terceira força” entre os indexadores dos ativos bancários. Agora, neste início de segundo semestre, analistas acham que eles devem se consolidar com mais emissões, de acordo com informações do portal InfoMoney.
Um levantamento feito pela Quantum Finance a pedido do InfoMoney mapeou 274 CDBs emitidos entre 5 e 19 de julho. Nesse período, 64 CDBs atrelados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foram lançados. Para efeito de comparação, o levantamento da segunda quinzena de maio mostrou apenas 9 emissões.
Aline Rosa, economista e sócia da Matriz Capital, descreve o movimento como “uma mudança significativa no mercado financeiro”.
Ela explica que esses papéis são atrativos para os investidores e, ao mesmo tempo, vantajosos para os bancos: “com a inflação embutida na remuneração, as instituições podem estruturar essas ofertas para capturar a alta demanda sem comprometer significativamente suas margens”.
“Acreditamos que enquanto os títulos pagarem IPCA + 6% a demanda será grande e é provável que os bancos sigam aumentando as emissões indexadas ao IPCA”, disse Pedro Serra, gerente de Research da Ativa Investimentos.
“Um título indexado à inflação é a melhor maneira de proteger o patrimônio e a análise histórica mostra que taxas de juros reais acima de 6% rentabilizaram acima do CDI na maioria das janelas (80%) em 12 meses; em prazos mais longos, os números são ainda melhores”, ressaltou Serra.
Quanto CDBs de inflação estão pagando?
A taxa média dos CDBs de inflação com vencimento em dois anos foi de 6,06% na última quinzena analisada contra 5,85% no levantamento anterior. O papel com maior retorno ofereceu 6,65% acima da inflação. Nos papéis com prazo de, pelo menos, três anos a remuneração média foi de 6,10%, com juro real máximo de 6,55%.
O Tesouro Direto também está pagando taxas acima de 6% nos papéis de inflação, mas o investidor precisa estar disposto a segurar títulos por mais tempo. Nesta quarta-feira (24), o Tesouro IPCA+ mais curto, com vencimento em cinco anos, oferece 6,38% acima da inflação. O risco embutido no papel soberano do Tesouro, no entanto, será sempre mais baixo do que o do banco emissor do CDB.
“Essa mudança (na remuneração) reflete o aumento no custo para as instituições financeiras de manter esses ativos em um ambiente de juros elevados prolongados”, pontuou Rosa.
Para decidir se vale a pena investir nesses papéis em comparação com o Tesouro Selic, por exemplo, Serra diz que o investidor precisa ponderar que “tem maior flexibilidade nos prazos desejados, mas é desejável rentabilidade acima da Selic pelo incremento de risco”.
CDBs prefixados
Os papéis com remuneração travada no momento da aplicação pagaram menos na última quinzena. A taxa média de um papel com vencimento em três anos recuou de 12,25% para 11,95% ao ano.
Já a rentabilidade do papel de dois anos caiu de 11,34% para 11,08%, enquanto os títulos mais curtos, com vencimento em seis meses, pagaram 9,93% ao ano contra 9,99% na leitura anterior. Somente a taxa média dos títulos de um ano subiu, de 10,86% para 10,98% ao ano.
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