Publicado em 06/06/2023 às 07h12.

Manter benefícios é principal impasse para relatório da reforma tributária

Texto elaborado pelo relator, deputado Aguinaldo Ribeiro indica os pontos de consenso, mas os incentivos, não são necessariamente simétricos entre estados e municípios

Redação
Foto: Vinícius Loures/Agência Câmara

 

Promessa de diferentes administrações que governaram o Brasil nas últimas décadas, a reforma tributária entra em um período de negociações decisivo na Câmara dos Deputados com a apresentação, nesta terça-feira (6), do relatório do Grupo de Trabalho (GT) com as diretrizes da proposta.

O documento elaborado pelo relator, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), vai indicar as linhas gerais e os pontos que puderam ser alvo de consenso após meses de discussões. Mas o texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para votação em plenário ainda depende de novas conversas para se materializar.

Um dos principais pontos de impasse, conforme a Folha de S.Paulo, é a convalidação de benefícios fiscais já concedidos por estados e municípios e que têm validade assegurada até 2032.

Em meio à guerra fiscal dos últimos anos, muitos governadores e prefeitos concederam incentivos vultosos via ICMS e ISS, que perderiam efeito em um sistema de tributação unificada como se pretende com a reforma.

No Congresso, há uma avaliação de que é preciso dar segurança jurídica às empresas contempladas, uma vez que contratos foram firmados na expectativa de obter esses benefícios. O próprio Legislativo assegurou a prorrogação desses incentivos em uma lei complementar de 2021.

Os incentivos, porém, não são necessariamente simétricos entre estados e municípios. Uns concederam mais e outros menos.

O tema é considerado extremamente sensível. Alguns governadores inclusive condicionam seu apoio à reforma a uma resolução do problema dos benefícios fiscais. Outros temem acabar arcando com uma fatura de benefícios concedidos por outros estados.

Dentro do governo federal, a avaliação é que a questão “terá de ser resolvida”, mas ainda está longe de um desfecho.

Segundo diferentes interlocutores, esse é um tema que será decidido nas negociações políticas das próximas semanas. Uma das possibilidades é usar recursos do Fundo de Desenvolvimento Regional (FDR), a ser criado na reforma, para arcar com os benefícios convalidados. No Congresso, há a avaliação de que a União precisará injetar recursos para transpor esse obstáculo.

O texto final ainda deve ser alvo de negociações nas próximas semanas. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tem sinalizado a intenção de colocá-lo em votação antes do recesso parlamentar, que se inicia em 18 de julho. Mas ele mesmo já adotou uma espécie de vacina e disse que não tem como garantir sua aprovação.

 

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