Sites fraudulentos dificultam identificação de bets no Brasil
Ministério da Fazenda tem 123 pedidos de autorização de 118 empresas
A três dias da proibição de empresas de bets que não pediram autorização para operar no Brasil, o governo ainda não sabe a extensão da medida. A existência de sites fraudulentos que mudam constantemente de endereço e o uso de diversas marcas por uma mesma empresa dificultam a contagem de quantas companhias de apostas eletrônicas atuam no Brasil.
A constatação é do secretário de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, Regis Dudena. Segundo ele, o governo só saberá com clareza o número de companhias de apostas online após a regulamentação, que entrará em vigor em janeiro. Isso porque, após essa data, somente as empresas aprovadas pelo Ministério da Fazenda poderão operar no país, cada uma podendo explorar até três marcas.
“Há várias dificuldades para fazer a contagem. Uma é a diferença entre empresas e marcas, já que uma empresa pode operar mais de uma marca. Existe uma segunda coisa, que é uma empresa que se utiliza das apostas para fraude. Ela abre um domínio, começa a prestar aquele serviço fraudulento e vai migrando. Então, eventualmente, o mesmo grupo vai deixando rastros de dezenas, centenas de sites utilizados para mera fraude ou atividades criminosas”, explica o secretário de Prêmios e Apostas.
Segundo Dudena, é difícil para o governo, neste momento, ter clareza sobre o que são empresas de fato e estelionatários que se aproveitam das apostas para cometerem fraude. “No nosso banco de dados aqui, temos algumas centenas de sites que a gente localizou. Agora, ter certeza se isso são poucos grupos que operam muitos [sites], isso a gente não tem 100% clareza. O que nos cabe? Derrubar esses sites se eles não forem legalizados, independentemente se são do mesmo grupo ou não”, justifica.
A contagem do número de empresas de apostas online que atuam no Brasil também se reflete no setor privado. Em abril deste ano, a plataforma de análise de dados Datahub estimava que 217 bets operavam no país, alta de 735% em relação às 26 empresas existentes em 2021. Em junho, a organização não-governamental Instituto Jogo Legal estimava em 2 mil o total de sites de apostas esportivas e de cassinos virtuais no mercado brasileiro.
Expectativas
Com a dificuldade em contabilizar as empresas em operação no país, o governo só pode fazer estimativas com base no processo de regulamentação. Segundo as estatísticas mais recentes da Secretaria de Prêmios e Apostas, 118 empresas fizeram 123 pedidos até esta semana. Somente no último mês, informou o órgão, várias companhias desistiram e outras refizeram os pedidos, voltando para o fim da fila de análise, mas a secretaria não forneceu as quantidades.
O secretário Regis Dudena prevê que nem todos os pedidos serão aprovados, mas calcula que cerca de 100 empresas atuarão legalmente no Brasil a partir de janeiro, com base na comparação com outros países. “Em mercados de apostas consolidados, é muito raro achar um mercado que passe de 100 empresas autorizadas. Temos um número bastante expressivo de empresas que vieram pedir. A gente já tem clareza que muitas dessas ou algumas dessas não vão passar em todos os crivos. A gente está avaliando, estamos fazendo reuniões de controle, e dá para identificar algumas empresas que não cumprem os requisitos”, declara.
Segundo Dudena, o governo está sendo bem rigoroso na análise dos processos. “A gente subiu bastante o sarrafo para regulamentar. Esse número mostra que tem muitas empresas que resolveram cumprir a lei. Pensando que cada uma dessas autorizações pode gerar até três marcas, a gente tem um número bastante significativo para o mercado de sites em atuação [a partir de janeiro]”, diz.
Articulação
Além da Secretaria de Prêmios e Apostas da Fazenda, que editou dez portarias de regulamentação e analisa os pedidos das empresas, a Lei 14.790/2023, que legalizou as apostas eletrônicas, prevê que o Ministério do Esporte também regulamentará as apostas, por meio da Secretaria Nacional de Apostas Esportivas. Dudena diz que os dois órgãos atuarão de forma coordenada e negou sobreposição de atuações.
“O que a lei prevê é que a regulamentação e o processo de autorização das bets é de competência do Ministério da Fazenda. O Ministério do Esporte é competente para a dimensão esportiva da atividade, principalmente para indicar as modalidades esportivas que podem ser objeto de aposta e impedir a manipulação de resultados”, explica.
Dudena ressalta que o Ministério da Fazenda atua em diversas frentes e trabalha em articulação com o Ministério da Justiça para combater a criminalidade no setor de apostas por meio da Polícia Federal e preservar os direitos do consumidor por meio da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon). A Secretaria de Prêmios e Apostas, informa o secretário, também atua em conjunto com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para acionar as provedoras de internet para derrubarem os sites fraudulentos.
Por fim, a Fazenda trabalha em conjunto com o Ministério da Saúde, para colher informações que melhorem a regulamentação no sentido de preservar a saúde mental do apostador. Segundo Dudena, a Secretaria de Prêmios e Apostas municia o Ministério da Saúde e o Sistema Único de Saúde (SUS) com informações relevantes para a política de saúde mental. Na próxima semana, as duas pastas devem criar um grupo interministerial sobre o tema.
Mais notícias
-
Economia
17h31 de 04 de outubro de 2024
Ibovespa fecha em leve alta com ajuda de NY após dados de emprego nos EUA
Bolsas dos EUA sobem com repercussão de payroll acima do esperado
-
Economia
17h18 de 04 de outubro de 2024
Petróleo fecha em alta pelo 4º dia seguido, mas desacelera após falas de Biden
Presidente dos EUA desencorajou Israel realizar ataque instalações petrolíferas iranianas
-
Economia
16h31 de 04 de outubro de 2024
Governo cobrará extra de 15% sobre lucro de multinacionais estrangeiras
Cobrança adicional vai alcançar grupos multinacionais estrangeiros que tiverem registrado receitas anuais de 750 milhões de euros
-
Economia
16h06 de 04 de outubro de 2024
Balança comercial tem superávit de US$ 5,36 bilhões em setembro
Saldo representa uma queda de 41,6% em relação a setembro do ano passado, quando o Brasil alcançou resultado positivo de US$ 8,9 bilhões
-
Economia
15h35 de 04 de outubro de 2024
Mercedes Benz é condenada em R$ 40 milhões por assédio moral coletivo
Montadora foi acusada pela discriminação de trabalhadores lesionados em Campinas
-
Economia
14h40 de 04 de outubro de 2024
XP projeta alta do PIB em 3,1% e eleva projeção para inflação em 2024
Análises consideram que situação fiscal no Brasil ainda sustenta percepção de maior risco doméstico
-
Economia
14h33 de 04 de outubro de 2024
Receita Federal notifica 3 mil empresas sobre prazo para regularização de informações fiscais
Empresas notificadas têm até 30 de novembro de 2024 para realizar a regularização
-
Economia
14h21 de 04 de outubro de 2024
Feira de empregos e estágios oferece mais de 900 mil vagas
A expectativa é de que o evento virtual reúna cerca de 39 mil vagas para a Bahia
-
Economia
13h36 de 04 de outubro de 2024
X afirma que pagou todas as multas e abre pedido para voltar a operar no Brasil
Pedido foi protocolado pela rede social em conjunto com o STF; empresa afirma ter quitado cerca de R$ 28,6 milhões de débitos
-
Economia
13h23 de 04 de outubro de 2024
CDL Salvador estima aumento de 4% nas vendas do Dia das Crianças
CDL estima que os setores mais movimentados serão brinquedos, calçados e vestuário