Publicado em 14/10/2016 às 10h58.

Luiz Caldas critica ‘jabá institucionalizado’ e elogia Chacrinha

A declaração do artista chama a atenção, já que Chacrinha foi, sabidamente, um dos institucionalizadores do jabá no país

James Martins
Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

 

O cantor e compositor Luiz Caldas, que fecha o projeto “Domingo no Parque”, no próximo dia 16, criticou, em matéria publicada nesta sexta-feira (14) no jornal A Tarde, a institucionalização do “jabá” (espécie de suborno comum na indústria fonográfica, em que gravadoras pagam emissoras de rádio ou TV pela execução de músicas). “Hoje em dia é mais difícil massificar uma canção, pois o jabá é institucionalizado”, disse.

Porém, o que mais chama a atenção na fala do artista é o fato de ele citar o lendário apresentador Abelardo Barbosa, o Chacrinha, como contraponto. Diz Luiz: “Além disso, tinha o Chacrinha, as pessoas participavam de coração”. Podiam participar de coração, mas antes tinham que coçar o bolso, já que, sabidamente, Chacrinha foi um dos principais institucionalizadores do jabá no Brasil.

O empresário André Midani, ex-presidente da Warner na América Latina, denunciou o esquema do Velho Guerreiro em entrevista bombástica à Folha de São Paulo, em 2003: “Tive várias interferências no sentido de dizer ‘vamos parar com esse negócio’. Em 78, na Warner, estava lançando Baby e Pepeu, que, como integrantes dos Novos Baianos, haviam sido os protegidos do Chacrinha. De repente, recebo a notícia de que, se não pagássemos, eles não iam aparecer em seu programa. Achei por bem denunciar. Disse à imprensa que Chacrinha queria cobrar jabaculê. Isso me custou caro. Rádios e outros programas de TV aderiram à causa e passaram a cobrar também”.

Se não bastasse, o produtor Roberto Sant’Anna, que lançou o próprio Luiz Caldas, já declarou que, ao tentar emplacar o artista no programa do Chacrinha, foi cobrado um pedágio de 10 mil dólares por Leleco, filho do apresentador, que gerenciava o jabaculê. Contudo, Roberto admite que, por interferência do próprio Chacrinha, Luiz apareceu no programa sem que ele pagasse o montante – de que não dispunha. Eram feitas permutas e os artistas participavam da “Caravana do Chacrinha” sem ganhar cachê. O que não deixa de ser jabá.

Os casos são diversos e muitos deles estão relatados na biografia de Chacrinha, escrita por Denílson Monteiro e publicada pela editora Casa da Palavra.

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