Publicado em 16/09/2019 às 12h05.

‘A gente canta aquilo que a gente vive’, diz O Poeta sobre letras explícitas

O bahia.ba bateu um papo com John Ferreira para entender o fenômeno que em menos de um ano de carreira se tornou uma das revelações do pagode baiano

Bianca Andrade
Foto: Instagram/ Arquivo Pessoal
Foto: Instagram/ Arquivo Pessoal

 

Dos paredões para os grandes palcos de Salvador, John Ferreira, ou O Poeta, é um dos expoentes da nova safra do pagodão e vem temperando a cena musical baiana com o ‘Outro Sabor’, digno de um swing diferenciado.

Com apenas 1 ano de história, o cantor, que foi uma das revelações do verão 2019 na capital com a canção ‘Bunda no Paredão’, que alcançou a marca de 10 milhões de views no Youtube, vem aos poucos ganhando adeptos no interior da Bahia e também em outros estados, como Piauí, Maranhão e Aracaju.

Foto: Gabriel Paupério
Foto: Gabriel Paupério

 

Mas afinal qual o outro sabor a que tanto John Ferreira se refere em seu bordão que é repetido aos quatro ventos em cada canto de Salvador, sem distinção de público?

O bahia.ba bateu um papo com O Poeta para entender o fenômeno, que conseguiu com seu estilo irreverente, carregado de sensualidade e ousadia nas letras, atingir desde o público C, nas periferias da capital, baiana ao público A, marcando presença em festas consideradas “mitiê” da cidade. Além de falar sobre letras polêmicas e rixa no universo do pagode. Confira:

Quando você começou a se apresentar como ‘O Poeta’?

John: A banda surgiu dois anos atrás. Eu era vocalista de uma outra banda, A Chapa, e lá eu fui encontrando a minha identidade. Porque no começo a gente é leigo, né? Então fui me descobrindo na banda, e foi lá mesmo que surgiu esse “apelido” O Poeta, que acabou se tornando a minha marca.

De onde surgiu o apelido?

John: Tudo isso devido às letras. O pessoal que me dizia: “poxa você parece um poeta John”, e o artista é isso, né? A gente está sempre ligado às boas ideias que a galera nos dá, então eu abracei essa ideia, até porque não tinha no mercado e ficou.

Além do nome ‘O Poeta’, a banda tem outra coisa que também se tornou marcante quando se refere a vocês, o bordão “Escuta o Poeta, outro sabor”, mas afinal, qual é mesmo o outro sabor?

John: O outro sabor é o nosso jeito diferenciado, nossas letras diferentes, nosso ritmo diferente. Então se é diferente, tem outro sabor, outro gosto.

 

O que você acha que diferencia O Poeta dos outros artistas de pagode de Salvador?

John: Eu acho que é a transparência. O público gosta do que é de verdade. Geralmente os fãs se veem no artista, e depois eles percebem que não é nada daquilo. Quando tem aquela aproximação com o artista e vê que não tem aquela humildade e o caráter não é aquilo mesmo que ele transparece nos palcos e na TV, tem aquela frustração. Então eu acho que O Poeta é isso aí, sou o mesmo nos palcos e também fora dos palcos.

Recentemente nós conversamos com Diumbanda, do Companhia do Pagode, e ele elogiou o swing dos meninos que estão chegando agora, mas pontou que as letras explícitas poderiam acabar sendo um empecilho para o sucesso dos grupos atuais. Você concorda?*

John: Eu acho que não, acho que a música é muito além daquilo que a gente imagina. O artista, se ele quer ser um artista próspero na área, ele tem que estar sempre amadurecendo, se lapidando ao longo da caminhada. A gente acaba fazendo a música de uma forma que entre no conceito de todos os públicos, sendo da favela ou de um bairro nobre.

*Neste ano foi sancionada a lei 9.472/2019, que proíbe a veiculação de músicas que desvalorizem, incentivem a violência ou exponham mulheres a situação de constrangimento nas escolas e creches municipais de Salvador. O infrator deve ser advertido e multado em valores que variam de R$ 50 a R$ 100 mil*

A que você creditaria o sucesso da banda?

John: A gente canta aquilo que a gente vive. É questão de costume. Se a gente é uma pessoa mal educada, a gente vai pregar na nossa música aquilo que a gente vive de uma forma mal educada, mas quando a gente aprende não é bem assim que acontece. O pessoal se identifica porque essa é a realidade, principalmente da favela, mas acaba sendo também um pouco da realidade do público A e B, que abraçou O Poeta.

Foto: Instagram/ Arquivo Pessoal
Foto: Instagram/ Arquivo Pessoal

 

Muito se fala sobre rivalidade no mundo da música, e cada ritmo tem uma rixa inventada. Acontece isso no mundo do pagode também?

John: Um tempo atrás no pagode rolava uma discussãozinha boba entre todas as bandas em questão de músicas parecidas, letras parecidas, mas acho que todo mundo já percebeu que isso é normal, acontece. A música é assim, é trabalhar mesmo, cada um no seu e olhar para frente.

Como você avalia o cenário atual do pagode com o “fim da rivalidade”?

John: Acho que todo mundo aprendeu isso, eu sinto que o momento do pagode agora é bem melhor. Todo mundo está mais unido, a gente está mais apegado.

O cantor vem de um momento especial na carreira. No último domingo (15), O Poeta gravou o primeiro DVD da carreira em sua estreia no Salvador Fest, com uma apresentação marcante no Palco Skol Pagodão. “A gente preparou com muito carinho e muita dedicação. Estou muito feliz e muito emocionado com esse momento”, disse John.

O registro audiovisual contou com a participação de Márcio Victor e Lincoln Senna, com quem o artista tem parcerias já consolidadas nas músicas ‘Viola do Mal’ e ‘Um Tal de Tan’, além de uma palinha da cantora A Dama do Pagode, uma das únicas representantes femininas do pagode baiano.

 

Quem não conseguiu conferir a gravação do DVD no Salvador Fest pode ir matando a ansiedade para o produto final com o projeto ‘Escuta O Poeta’, lançado no começo de setembro que conta com uma série de 16 videoclipes dos maiores sucessos d’O Poeta.

E para quem quer curtir um show do artista, anota na agenda, porque O Poeta é atração confirmada no Bailão Salvador, que acontece no dia 25 de outubro na Arena Fonte Nova.

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