Publicado em 31/07/2025 às 18h33.

Conheça o espaço do artista plástico Antônio Rebouças no coração de Salvador

Na capital baiana, Antônio une pintura, escultura e desenho para inspirar e impactar comunidades através da arte

Vitor Silva

Foto: Arquivo Pessoal

 

No coração do centro histórico de Salvador, na Rua Chile, o artista plástico Antônio Carlos Rebouças mantém desde 2019 seu ateliê, instalado no edifício Sul América, ao lado do Fera Palace Hotel. Mais que um espaço de criação, o local se tornou um verdadeiro ponto de encontro para apreciadores de arte, colecionadores, curiosos e turistas que circulam por uma das áreas mais antigas da capital baiana. O espaço abriga pinturas, esculturas e desenhos autorais, em meio a um ambiente acolhedor com vista privilegiada para a Baía de Todos os Santos. Rebouças define o ateliê como “um lugar mágico”, ideal para quem deseja se reconectar com a arte e com a própria sensibilidade.

Em entrevista exclusiva ao bahia.ba, o artista falou sobre sua trajetória, experiências internacionais e o papel da arte como agente de transformação.

 

Foto: Arquivo Pessoal

 

Autodidata com formação na prática e no contato com mestres

Nascido em 1956, Antônio Rebouças se considera autodidata, embora tenha passado por formações livres no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), onde teve aulas com nomes como o escultor Sul Campos. Ele não cursou escolas tradicionais como Belas Artes, mas acumulou uma vivência intensa ao lado de artistas locais, o que fortaleceu sua identidade visual.

Seu trabalho é marcado por elementos da cultura afro-brasileira, arquitetura colonial e religiosidade, especialmente refletidos em suas pinturas de “casarinhos”, um dos temas mais recorrentes e reconhecíveis de sua obra.

 

Foto: Arquivo Pessoal

 

Da literatura para as artes visuais

Antes de se dedicar profissionalmente às artes plásticas, Antônio atuou na literatura. Nos anos 1990, publicou o romance Os Lerdeiros, com prefácio da historiadora Consuelo Pondé de Sena. Apesar de manter a escrita até hoje — incluindo peças de teatro e uma biografia em andamento — ele decidiu migrar de vez para as artes visuais por acreditar no impacto mais imediato que elas provocam no público.

“Enquanto a literatura exige mais tempo e atenção do leitor, a arte visual fala direto, é instantânea”, reflete o artista.

 

Foto: Arquivo Pessoal

 

Contato precoce com a arte através da educação pública

O artista destaca com orgulho sua formação na Escola Parque, localizada na Caixa D’Água, em Salvador. A instituição, idealizada pelo educador Anísio Teixeira, foi a primeira escola de tempo integral do Brasil. Lá, todas as linguagens artísticas faziam parte do currículo obrigatório, desde teatro até artes visuais.

Esse contato com a arte ainda na infância foi essencial para despertar sua sensibilidade criativa e moldar sua trajetória como artista.

 

Foto: Arquivo Pessoal

 

Presença internacional e reconhecimento fora do Brasil

A trajetória de Antônio Rebouças ultrapassou as fronteiras do Brasil. Em 2005, ele participou do “Ano do Brasil na França”, quando toda a programação cultural francesa foi dedicada à cultura brasileira. A oportunidade surgiu por meio de um convite da embaixada do Brasil na França, após o envio de seu portfólio.

Depois disso, expôs em cidades italianas como Pescara e Ancona, além de ter obras adquiridas por colecionadores da Alemanha, Canadá, Estados Unidos, Amsterdã e Holanda.

Para ele, o público europeu tende a valorizar mais o artista, especialmente os artistas negros. “Lá fora, fui muito bem recebido. Aqui na Bahia ainda há pouca visibilidade para artistas negros, o que precisa ser mudado com urgência”, afirma.

 

Foto: Arquivo Pessoal

 

A arte como instrumento de transformação social

Rebouças também desenvolve trabalhos sociais ligados ao Instituto Conceição Macedo, que atende crianças soropositivas. Ele acredita no poder da arte como ferramenta de transformação e inspiração, especialmente para pessoas em situação de vulnerabilidade.

“A arte tem esse poder de mudar vidas. Eu sou um exemplo disso”, resume o artista, que convida todos a conhecerem seu espaço e refletirem sobre a arte como caminho de cura, memória e identidade.

 

Foto: Arquivo Pessoal

 

Vitor Silva

Repórter de entretenimento, mas escrevendo sobre política, cidade, economia e outras editorias sempre que necessário; tem experiência em assessoria, revista, produção de rádio e social media

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