Publicado em 18/07/2024 às 11h08.

Milei demite secretário de esportes que pediu retratação à seleção por acusação de racismo

'Nenhum governo pode dizer o que comentar, o que pensar ou o que fazer à Seleção Argentina' disse o presidente em publicação

Redação
Foto: Reprodução/Twitter

 

O presidente argentino Javier Milei demitiu na quarta-feira (17) o subsecretário de esportes Julio Garro, após ele cobrar uma retratação de jogadores da seleção argentina por um vídeo que ganhou repercussão nas redes sociais onde entoavam um cântico racista. “Nenhum governo pode dizer o que comentar, o que pensar ou o que fazer à Seleção Argentina” disse o presidente em publicação.

Segundo matéria do g1, esta, porém, não é a primeira vez que a seleção se envolve em uma polêmica desse tipo. Em 2022, quando a Argentina foi campeã da Copa do Mundo do Catar após vencer a França, o cântico já havia sido entoado e envolto de polêmicas. “Eles jogam pela França, mas são de Angola. Que bom que eles vão correr, se relacionam com transexuais. A mãe deles é nigeriana, o pai deles cambojano, mas no passaporte: francês” cantam. À época a situação passou despercebida pela Federação Francesa de Futebol. Desta vez, porém, o órgão do presidente Philippe Diallo apresentou uma queixa por racismo, e a Fifa anunciou que estava abrindo uma investigação para apurar a live de Enzo Fernández.

“A Fifa condena com veemência qualquer forma de discriminação, por parte de qualquer pessoa, incluindo jogadores, torcedores e dirigentes”, disse em nota.

A repercussão e demissão

O caso começou a ganhar repercussão na mídia argentina. O subsecretário de Esportes da Argentina, Julio Garro, afirmou em entrevistas que o capitão Messi e os jogadores da seleção deveriam se retratar. Como resposta a declaração de Garro, Milei anunciou, por meio de um texto na página do gabinete do presidente e com a foto da seleção campeã.

“A Presidência informa que nenhum governo pode dizer o que comentar, o que pensar ou o que fazer à Seleção Argentina, Campeã Mundial e Bicampeã Americana, ou a qualquer outro cidadão. Por isso, Julio Garro deixa de ser Subsecretário de Esportes da Nação.”

Segundo a imprensa argentina, Milei já estava dando sinais de que demitiria Garro. Na conta dele no X (antigo Twitter), o presidente havia republicado críticas ao subsecretário.

“Dizer que Messi tem que pedir desculpas a uns europeus colonizadores por uma canção que fala a verdade é ir totalmente contra a ideologia”, dizia o post repostado por Milei. O presidente argentino já elogiou Messi em várias oportunidades. Em uma entrevista ao jornal “La Nación”, em fevereiro deste ano, o presidente disse que gostaria de conversar com o jogador argentino. Já neste mês, em uma nova entrevista, Milei afirmou que Messi é melhor do que Pelé e que seria um privilégio receber o capitão da seleção.

Enzo Fernández, jogador responsável por abrir a live que viralizou, foi às redes sociais para pedir desculpas. Ele disse que deixou se levar pela euforia e que o cântico não representa o que ele acredita. Para o governo argentino, porém, tudo foi visto de outra forma. A vice-presidente Victoria Villarruel publicou nas redes sociais que o país era soberano e fez uma referência às queixas da França.

“Nenhum país colonialista vai nos intimidar por uma canção de campo ou por dizermos verdades que não querem admitir. Parem de fingir indignação, hipócritas”. Villarruel também afirmou que apoiava Enzo e agradeceu Messi: “Argentinos sempre de cabeça erguida”.

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