Publicado em 05/08/2019 às 08h48.

Gilmar critica Lava Jato: ‘Organização criminosa para investigar pessoas’

Ministro do STF afirma que integrantes da força-tarefa criaram um "Estado paralelo" e causaram grandes danos por abuso de poder

Redação
O ministro do STF, Gilmar Mendes, durante Sessão Plenária do Supremo Tribunal Federal. (Foto: Carlos Humberto./SCO/STF)
Foto: Carlos Humberto/ SCO/ STF

 

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirma que integrantes da Lava Jato causaram grandes danos por abuso de poder e, por vezes, suas atuações evidenciaram a existência de uma “Orcrim” (organização criminosa).

“Criou-se um Estado paralelo”, declarou em entrevista ao Correio Braziliense. “Há uma organização criminosa para investigar pessoas.”

Indagado sobre revelações acerca do movimento do procurador Deltan Dallagnol em relação a pessoas próximas a ele, a exemplo de sua mulher e o ministro Dias Toffoli, Gilmar Mendes diz ter se sentido constrangido.

“De certa forma, eu imaginava que essas coisas estavam ocorrendo. Claro que, quando a realidade se manifesta, a gente também toma um choque. Mas é uma atitude das mais sórdidas e mais abjetas que se pode imaginar. Por que se queria investigar Toffoli ou a mim? Por que nós fizemos algo errado? Não, porque nós representávamos algum tipo de resistência às más práticas que se desenvolviam. É uma coisa tão sórdida, que fala dos porões. Onde nós fomos parar?”, afirmou o ministro, com ar de incredulidade.

Gilmar Mendes não disse, porém, se pretende adotar alguma atitude prática em relação ao episódio.“Nós estamos discutindo essas questões. A meu ver, coisas como essas não ocorrem se o sistema tem um modelo de autoproteção e de correção. O que faltou aqui? Faltaram os órgãos correcionais. O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) não funcionou bem, o CJF (Conselho de Justiça Federal) não funcionou bem, o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) não funcionou bem. Faltou chefia, supervisão.”

Para ele, apesar das críticas à Lava Jato, nem tudo o que foi feito até aqui pode ser colocado em xeque. “Não, não, acho que é importante separar isso. É óbvio que, ao se criticar as operações, não se pode compactuar com o malfeito, com corrupções. Agora, com certeza, coloca em risco o sistema, e pode trazer consequências para os seus eventuais processos”, afirmou o ministro.

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