Publicado em 21/05/2025 às 11h49.

FPI combate tráfico de aves e promove ações educativas em Bom Jesus da Lapa

O objetivo foi combater o contrabando e cativeiro ilegal de animais silvestres, além de conscientizar a população sobre a importância da conservação da biodiversidade local

Redação
Foto: Reprodução/Ascom Sema

 

Nesta terça-feira (20), segundo dia da 51ª edição da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do Rio São Francisco, a equipe Fauna intensificou sua atuação em Bom Jesus da Lapa, com uma agenda voltada à fiscalização e à educação ambiental. O objetivo foi combater o tráfico e o cativeiro ilegal de animais silvestres, além de conscientizar a população sobre a importância da conservação da biodiversidade local.

Participaram da operação técnicos do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), da ONG Animallia, do Conselho Regional de Medicina Veterinária da Bahia (CRMV-BA) e da Companhia Independente de Polícia de Proteção Ambiental (CIPPA/PM).

Uma das frentes da ação percorreu residências para fiscalizar criadores amadores de passeriformes, especialmente aqueles cadastrados no Sistema de Controle e Monitoramento da Atividade de Criação Amadora de Pássaros (Sispass).

A bióloga do Inema, Karine Machado, explicou que o trabalho consistiu em verificar se o número e a espécie dos animais coincidem com os registros oficiais. “Analisamos todas as aves nas gaiolas, conferimos as anilhas, verificamos possíveis adulterações e avaliamos as condições dos animais. Caso sejam identificados maus-tratos ou a presença de aves não autorizadas no plantel, são adotadas as medidas cabíveis”, afirmou.

Além dos criadores regularizados, a equipe também atendeu denúncias anônimas de cativeiros ilegais. Nesses casos, a abordagem é orientativa, com explicações sobre os critérios legais para criação e incentivo à entrega voluntária, evitando sanções previstas na legislação.

Em uma das ocorrências, foram encontrados 11 pássaros sem anilha, supostamente mantidos para comercialização clandestina. “Esses animais foram retirados da natureza e estavam sendo vendidos. Isso configura tráfico de fauna silvestre. Muitas vezes, não se trata apenas de manter o animal em casa, mas de integrar uma rede ilegal de comércio”, alertou a bióloga.

Segundo a ONG Animallia, os animais resgatados passam por avaliação e quarentena. “Aqueles em boas condições físicas e comportamentais são encaminhados para programas de soltura em áreas autorizadas e com ocorrência comprovada da espécie. Os que não têm condições de retorno à natureza são destinados a criadores conservacionistas ou a centros de reabilitação, como o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), em Vitória da Conquista”, explicou Andreza Amaral, bióloga da organização.

“A prioridade é sempre reintegrar o animal ao seu habitat. Quando isso não é possível, buscamos garantir qualidade de vida, especialmente para as espécies gregárias, que dependem do convívio em grupo para se manterem saudáveis”, acrescentou Andreza.

As solturas ocorrem em áreas cadastradas pelo Inema, conhecidas como Áreas de Soltura de Animais Silvestres (ASAS), com monitoramento técnico especializado.

Paralelamente à fiscalização, outra parte da equipe Fauna realizou atividades educativas em escolas de Bom Jesus da Lapa, com palestras, rodas de conversa e jogos interativos sobre conservação ambiental e os impactos do tráfico de fauna.

A bióloga Samantha Grimaldi, do Inema, destacou que a educação ambiental é um pilar fundamental da FPI. “A FPI não se resume à fiscalização. É também um momento de sensibilização. Levamos às escolas informações sobre o Velho Chico, a fauna, a flora e o papel de cada cidadão na preservação desse patrimônio”, afirmou.

Já a bióloga Aldenir Ferreira, da Animallia, reforçou o caráter pedagógico das ações com os estudantes. “Falamos sobre os impactos do tráfico, sobre a importância do rio São Francisco e da biodiversidade local. Depois, aplicamos um jogo que recapitula as ações da FPI no município, de forma lúdica e participativa, para mostrar que todos podem contribuir com a defesa do rio”, completou.

A força-tarefa da FPI segue com atividades em diversas frentes nos próximos dias, unindo fiscalização, educação e conscientização ambiental.

Criada em 2002, a Fiscalização Preventiva Integrada é uma iniciativa que reúne instituições do poder público e da sociedade civil com o objetivo de proteger o meio ambiente e promover ações integradas de fiscalização, educação socioambiental, saúde pública e valorização de povos e comunidades tradicionais. Na Bahia, a FPI é coordenada pelo Ministério Público do Estado (MP-BA), Ministério Público do Trabalho (MPT), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (CREA-BA) e Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF).

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