Publicado em 21/07/2020 às 14h00.

Polícia Civil vai apurar se vereador usou celular dentro de carceragem

Versão teria sido divulgada pela filha de José Alberto Carvalh (PSD), que o acusa de espancá-la; ela será ouvida

Alexandre Santos
Imagem: Reprodução/TC Câmara de Vereadores de Campo Formoso
Imagem: Reprodução/TC Câmara de Vereadores de Campo Formoso

 

A Polícia Civil vai apurar se o presidente da Câmara de Vereadores de Campo Formoso, José Alberto Carvalho Pereira (PSD), fez uso de celular dentro da carceragem da Delegacia Territorial de Senhor do Bonfim. A versão teria sido divulgada em uma rede social pela filha dele, Rafaella de Carvalho Pereira, 18, que o acusa de espancamento.

A estudante universitária será ouvida pelo delegado Felipe Neri, coordenador da DT.

José Alberto Carvalho, o “Zé Lambão”, está detido na unidade policial desde a última quinta-feira (16) após ser autuado em flagrante por porte ilegal de arma de fogo. Após determinação da Justiça, ele ficará preso preventivamente (sem prazo determinado) a pedido do MP-BA.

Para o promotor Rildo Mendes de Carvalho, os crimes praticados pelo investigado —lesão corporal e porte ilegal de arma— são conexos“, o que justifica a conversão da medida de reclusão.

“Os pressupostos da prova de existência do crime e de indícios suficientes da autoria do investigado é incontestável, haja vista os crimes que lhe são atribuídos, ou seja, violência doméstica e familiar contra a mulher e porte ilegal de arma de fogo” assinala o promotor.

José Alberto Carvalho será transferido sistema prisional. O político respondia em liberdade acusação de um homicídio em 2016.

Pedido de ajuda em rede social

As agressões das quais Rafaella afirma ter sido vítima foram denunciadas por meio de vídeos e fotos publicados em seu Instagram.
Em uma das postagens, ela relata que tudo começou quando conversava com o pai sobre sua faculdade.

“Não foi nem uma discussão. A gente estava numa roça, com toda a minha família, e ele foi e comentou sobre a faculdade, falou que eu não iria conseguir terminar. Nisso eu fiquei muito chateada, comecei a chorar e pedi para uma amiga me buscar. E aí eu falei com a minha madrasta para me deixar na cidade do lado. Aí ele se estressou porque eu estava chorando, me trancou no quarto e fez isso comigo”, disse a universitária, com a voz embargada.

Pelas imagens, é possível ver um inchaço e um coágulo vermelho no olho, além de escoriações no pescoço, braço e mão.

Ainda de acordo com o relato de Rafaella, essa não foi a primeira primeira vez que seu pai a teria agredido. Segundo contou, ele tentou afogá-la em uma piscina, quando ela tinha 14 anos.

Agressão a ex-mulher e prisão por morte de homem

Rafaella revela que sua mãe, hoje separada de Pereira, também já foi vítima de violência. “Na verdade, eu esperava [ser agredida]. Eu vivi 18 anos vendo ele fazendo isso com a minha mãe a vida inteira, porque ele é um monstro, ele é um lixo. Hoje [domingo] aconteceu comigo por conta de uma discussão”, desabafou ela.

Diferentemente da mãe, Rafaella resolveu denunciá-lo. “Ele fez isso a vida inteira com minha mãe, e eu decidi não me calar: não deixar ele fazer o que fez comigo e fez com outras pessoas”, acrescentou.

Ela diz que em 2016 o pai foi preso suspeito de matar um homem que havia cobrado uma promessa de campanha dele. Um mês depois, Pereira acabou sendo solto e, desde então, responde ao processo em liberdade.

“Ele é um assassino”, acusa Rafaella.

A universitária relata que, mesmo depois de tornar o caso público, o pai mandou mensagens para intimidá-la. “Ele acha que pode sair impune porque tem dinheiro. Ele não tem como contar a versão dele, porque ele não tem o que falar.”

 

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