Publicado em 21/09/2016 às 09h46.

A anistia do Caixa 2: políticos brigam pela impunidade plena

Na Lava Jato, só temos presos empresários e políticos sem mandato. Os detentores de mandatos parecem blindados pela lei que assegura a imunidade, que virou impunidade

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“A prosperidade de alguns homens públicos do Brasil é uma prova evidente de que eles vêm lutando pelo progresso do nosso subdesenvolvimento”

Stanislaw Ponte Preta, como ele queria, ou Sérgio Porto, jornalista e humorista brasileiro (1923/1968)

(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil).
(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil).

 

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), aparece criticando o exibicionismo dos procuradores da Lava Jato em um momento em que a Câmara tenta aprovar a toque de caixa um projeto que anistia os acusados da prática de caixa 2.

Coincidência ou articulação?

Renan tem lá uma dose de razão quando se refere ao que chama de exibicionismo no ato da acusação contra Lula. De fato, mais ficou parecendo mais discurso político do que ato jurídico.

Mas convém lembrar que a grande maioria dos políticos, especialmente os detentores de mandatos federais, não tem lá essa moral toda para ditar regras de boas condutas.

Na Lava Jato, só temos presos empresários e políticos sem mandato. Os detentores de mandatos, Renan incluso, parecem blindados pela lei que assegura a imunidade, que virou impunidade, mas acham pouco. Do jeito que o discurso do senador se encaixa nos atos da Câmara, fica parecendo o que alguns parlamentares dizem: a intenção é assegurar um passaporte para a impunidade definitiva.

Também convém lembrar que ninguém cassou Dilma e nem apeou o PT do poder por razões de ética. Queriam mesmo era tomar o lugar. E a política está cheia disso, como se vê agora nas campanhas pelo interior afora, muitos atacando os adversários em nome de uma moral que não têm.

Epigrama dos malandros

Na brecha dos dois casos, o discurso de Renan e a tentativa de aprovar a anistia do caixa 2, proposta indecente para beneficiar a nau da Lava Jato, o poeta Antônio Lins entrou. E cravou o epigrama dos malandros:

Deputado de cartaz

Na atual legislatura

O rapaz tem por detrás

Quem lhe faça cobertura

Agonia no Velho Chico

A Chesf passou para a Codevasf o controle dos perímetros irrigados de Rodelas, Glória e Pedra Branca, em Curaçá, mas não passou o dinheiro para bancar. Resultado: contas de energia atrasadas com a Coelba ameaçadas de corte e 200 funcionários em greve porque estão há quatro meses sem salários.

O deputado Eduardo Salles (PP) foi a Brasília levando produtores para conversar com a diretora da Codevasf, Kênia Marcelino:

— Ela pagou a energia e diz que até outubro resolve os salários, mas acho que vamos precisar da ajuda de Geddel.

Presente de grego

Os perímetros produzem frutas como manga, melão, uva, manga e banana, de alto valor para exportação.

A ideia do governo é passá-los para o controle dos produtores, mas há um pequeno probleminha: estão todos sucateados.

Os produtores querem os reparos para depois assumir o controle.

Amendoeiras do fracasso

Anos atrás, ainda no governo Paulo Souto, a Conder requalificou trecho da orla de Salvador, entre Amaralina e Jardim de Alah, e plantou coqueiros na calçada.

Não colou. Técnicos da EBDA dizem que, para pegar, os coqueiros precisam de muita água, no mínimo 250 litros por dia. Como isso não foi feito, morreram. Agora ACM Neto requalificou o trecho entre Jardim de Alah e o antigo Aeroclube e também plantou coqueiros, que mais uma vez morreram de sede. No lugar, estão plantando amendoeiras.

Os frequentadores da área estão irados, prevendo um desastre. Dizem que a tendência vão ser elas correrem para o asfalto, comprometendo a via dos ciclistas.

Jogo de empurra

Um jornalista ligou para a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e lá foi dito que o problema é da Conder.

Vai precisar fazer o DNA nas amendoeiras para saber quem são os pais?

Martagão em festa

O Hospital Martagão Gesteira inaugura amanhã (16h) a sua UTI Cardiocirúrgica. Durante o ato, a cantora Ivete Sangalo e a primeira dama da Bahia, presidente das Voluntárias Sociais, Aline Peixoto, vão dar coletiva. A unidade se tornou possível com o show beneficente feito por Ivete e a Orquestra Neojibá.

Ela fará outro show e dirá como será.

Oncologia em debate

A Associação Bahiana de Medicina (ABM), com apoio do Núcleo de Oncologia da Bahia (NOB), realiza amanhã (19h) o Simpósio da ABM sobre Terminalidade.

O time de palestrantes vai falar sobre últimas horas de vida, luto, terminalidade e espiritualidade.

Turismo fatal

E já que o papo é medicina, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica soltou nota lamentando a morte da brasileira Dioneide Leite, 36, que morava em Parintins, Amazonas, e foi à Venezuela fazer uma série de cirurgias plásticas.

Critica o cada vez mais crescente “turismo de beleza”.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.