Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.
A Lava Jato tem dois Brasis: o dos políticos e o do resto
Na longa lista de Janot, na banda política, 100% se diz inocente
Frase da vez
“A justiça atrasada não é justiça, senão injustiça qualificada e manifesta”
Ruy Barbosa, jurista, político e escritor baiano (1849-1923)
Na lista de Rodrigo Janot como suspeito na Lava Jato, Jaques Wagner , ex-governador baiano, ainda ministro, deu a resposta padrão: tem a vida limpa, é inocente, está à disposição.
Faça uma busca rapidinha no Google e constate: na longa lista de Janot, na banda política, 100% se diz inocente. Nesse time, está Aécio Neves, que bateu na mesma tecla.
Ninguém nega que o país sofreu uma roubalheira desenfreada. E se assim o é, cabe perguntar: só tem culpado empresário e a arraia miúda da política? E os peixões?
Se vê empresários de alto coturno presos, políticos sem mandato do baixo clero (67 ao todo) também, mas político com mandato, necas.
Ora, nesse caso, é óbvio constatar que empresários e políticos estão no mesmo balaio. E só um paga?
Lula na mira
Há quem diga que a intenção da lista ontem divulgada é pegar Lula. Seria alguém do alto clero.
Se o é, que o seja. Se ele tem culpa, pague por isso.
Mas pelos mesmos caminhos, Aécio e outros senadores podem dormir tranquilos. Juram inocência e isso basta.
Por tais práticas, havemos de concluir que o sonho de qualquer brasileiro deve ser tornar-se político.
De deputado federal em diante, ressalte-se.
Cunha, o impune
Aliás, o Brasil da Lava Jato está expondo um câncer institucional ao país, o direito da impunidade para detentores de mandato.
O caso mais emblemático é o de Eduardo Cunha. É presidente da Câmara, comanda o impeachment de Dilma e é eventual substituto de Michel Temer, quando ele assumir.
Ou seja, Cunha é um figurão no alto escalão da República, com tantas e tão robustas acusações, que até parece um acinte vê-lo exercitar o poder com a desenvoltura de quem pode cassar um presidente da República e nada lhe atinge.
É a institucionalização da impunidade.
Desvio de finalidade
Isso suscita outra questão: quando Lula foi cogitado para assumir o ministério de Dilma, não faltou quem recorresse ao STF arguindo desvio de finalidade. Ou seja, ao invés de ministro, ele estaria buscando a imunidade que vira impunidade.
E o STF prontamente acatou os argumentos.
E você quer um desvio de finalidade maior do que escudar-se no mandato para assegurar o direito à impunidade?
Made in Morro do Chapéu
Acusado por Eduardo Cunha, que disse em uma entrevista a jornais do sul, que ‘ele tem histórico de roubo de toca-fitas na adolescência’, o deputado José Carlos Araújo, presidente do Conselho de Ética da Câmara, onde corre o processo contra Cunha por falta de decoro, atribui o fato ao prefeito de Morro do Chapéu, Cleová Barreto, e ao presidente da Câmara, João Humberto Batista, o Beto, ex-amigos, hoje inimigos na política de lá.
Diz Araújo que o prefeito é acusado pelo Ministério Público de desviar dinheiro da merenda escolar e Beto, de coagir pequenos produtores para vender suas terras.
— Cunha lá e eles em Morro do Chapéu são iguais. Por isso se juntaram.
Catando inimigos
Segundo Zé Carlos, Cunha tudo faz para tentar atingi-lo por sua determinação em levar adiante o processo contra ele no Conselho de Ética.
E nesse mister, anda catando inimigos dele nos quatro cantos do Brasil. Chegou a Morro do Chapéu.
Questão de gênero
O debate sobre o Plano Estadual de Educação, em uma reunião conjunta de quatro comissões, agitou a Assembleia ontem pela manhã. Chegou a ser hilário, embora o assunto seja sério.
O pomo da discórdia: a inclusão da expressão gênero e sexualidade como objeto de tratamento didático-pedagógico na formação de professores.
A deputada Fabíola Mansur (PSB), defensora da causa LGBT, levou uma claque a favor e o deputado Sargento Isidório levou evangélicos e católicos para gritarem contra.
Duelo na torcida
Com cartazes tipo ‘O estado não pode ser machista. O corpo é nosso e não da bancada moralista’, partidários de Fabíola gritavam: – Já passou da hora! Sexo livre na escola.
Os de Isidório, com faixas tipo ‘Deputado com moral não vota em bacanal’, bradavam:
– Homem com homem vira lobisomem, mulher com mulher vira jacaré.
Intolerância e jacarés
A professora Alda Pepe, da Faculdade de Educação da Ufba, em sua fala, manifestou-se contra a intolerância. E disse que o que se pretendia era uma tolerância respeitosa.
Depois, ressaltou que essa de dizer que ‘mulher com mulher dá jacaré, é até um desrespeito aos jacarés.
Aí aconteceu algo curioso: a galera de Isidório se manifestou contra. Mas dessa vez, tirou os jacarés de cena.
Bola cheia
Amigo pessoal de Michel Temer, o virtual próximo presidente, ex-deputado Genebaldo Correia, está com a bola toda, pelo menos em Santo Amaro da Purificação, onde foi prefeito duas vezes. Lá, todo mundo diz que ele será pilha forte na República.
O próprio Genebaldo admite a amizade com Temer, mas diz que não está atrás desse bonde.
Mas com certeza, estando ou não, se cacifou para falar mais forte na sucessão municipal de Santo Amaro.
Lá, a oposição está entre Flaviano Rohrs e o vereador Justino Oliveira.
Segregação espacial
A Comissão de Direitos Humanos da OAB-Ba realiza sexta na sede da entidade, na Piedade, a audiência pública ‘A questão urbana em Salvador: segregação espacial, direito a moradia e especulação imobiliária’.
O PDDU, motivo de polêmica para alguns segmentos, está em pauta.
No Palacete
O Palacete das Artes diz que não abriu no último domingo porque era feriado de 1º de maio e obedeceu a decreto presidencial.
Mas nos demais domingos, tudo joia.
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