Publicado em 27/01/2020 às 12h04.

Ação publicitária da Secom privilegiou clientes de Wajngarten e TVs religiosas, diz jornal

Órgão excluiu de campanha da Previdência a líder de audiência Globo, beneficiando canais alinhados ao governo Bolsonaro

Redação
Fábio Wajngarten, chefe da Secom (Anderson Riedel/PR)
Fábio Wajngarten, chefe da Secom (Anderson Riedel/PR)

 

Sob o comando de Fabio Wajngarten, a Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República) fez mudanças na estratégia da campanha de publicidade sobre a reforma da Previdência, a maior e mais cara do Planalto no ano passado, privilegiando na distribuição de verbas TVs que são clientes de uma empresa do secretário e emissoras religiosas, apoiadoras do presidente Jair Bolsonaro. A informação foi revelada em reportagem da Folha de S. Paulo publicada nesta segunda (27).

De acordo com o jornal, a campanha foi feita em fases. Na primeira, de R$ 11,5 milhões, veiculada de 20 de fevereiro a 21 de abril, o plano de mídia —documento que embasa a estratégia da ação publicitária e detalha investimentos— definiu que a TV mais contemplada com recursos seria a Globo nacional, líder de audiência e que atinge maior público.

A partir de abril, após Wajngarten assumir o cargo, a Secom mudou a orientação. Na segunda etapa da campanha, aprovada na gestão dele, o plano de mídia excluiu a Globo nacional da lista de contratadas, mantendo apenas praças regionais da emissora, cujos anúncios são mais baratos.

Esse mecanismo fez com que concorrentes de menor audiência ficassem com a maior fatia das receitas. O investimento da segunda fase, para todos os meios de comunicação, foi de R$ 36,7 milhões.

Record, Band e SBT foram contempladas, respectivamente, com R$ 6,5 milhões, R$ 1,1 milhão e R$ 5,4 milhões, totalizando R$ 13 milhões.

Como noticiou a Folha no dia 15, as duas primeiras têm contratos privados com a FW Comunicação, de Wajngarten. O SBT foi cliente da empresa até o primeiro semestre do ano passado.

A legislação vigente proíbe integrantes da cúpula do governo de manter negócios com pessoas físicas ou jurídicas que possam ser afetadas por suas decisões.

A prática implica conflito de interesses e pode configurar ato de improbidade administrativa, se demonstrado o benefício indevido. Wajngarten nega irregularidades.

Procurada pela Folha, a secretaria não se manifestou.

Os dados constam de documentos da Artplan, agência de publicidade responsável pela campanha da Previdência, enviados ao TCU (Tribunal de Contas da União).

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