Publicado em 09/06/2016 às 13h00.

Bolsonaro muda discurso para concorrer a presidente

Em 1999, o deputado federal afirmou ao programa "Câmera Aberta" ser "favorável à tortura" e chamou a democracia de "porcaria"

Redação
Foto: Gabriela Korossy / Câmara dos Deputados
Foto: Gabriela Korossy / Câmara dos Deputados

 

Pré-candidato à Presidência da República pelo PSC, o deputado federal Jair Messias Bolsonaro tenta ampliar o seu apelo eleitoral em temas como economia e sistema penal. Político de extrema direita, ele mudou o discurso. A defesa de um projeto desenvolvimentista para o país, herança da ditadura militar (1964-1985) — da qual ele é admirador — agora divide espaço com falas pró-mercado.

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, as respostas legalistas substituem elogios passados ao autoritarismo. À reportagem, o parlamentar disse que “a mãe da liberdade é o livre mercado”, que o país precisa de “mercado bilateral com o mundo todo” e que “golpe só em tatame de judô, que de vez em quando eu luto”.

Em 1999, o social-cristão afirmou ao programa “Câmera Aberta” ser “favorável à tortura” e chamou a democracia de “porcaria”. Ele disse não havia “a menor dúvida” de que fecharia o Congresso se fosse presidente do país. “Daria golpe no mesmo dia”, declarou, naquele ano.

À época, ao explicar ao apresentador Jô Soares porque havia defendido o fuzilamento do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ele disse que “barbaridade é privatizar a Vale e as telecomunicações, entregar as nossas reservas petrolíferas ao capital externo”.

Questionado se adequaria o discurso à pré-candidatura, Bolsonaro desconversou. “Costumo dizer que não falo o que o povo quer. Sou o que o povo quer”, apostou. Ele desmarcou encontro com o jornal depois de ter sido questionado sobre o porquê de não tocar em questões sobre homossexualidade, condição imposta para a realização da entrevista.

Entre o eleitorado conservador, Bolsonaro passa a representar a alternativa à elite política tradicional. Hoje, o deputado nega que tenha sido favorável a ditaduras, “muito menos” à tortura, embora, contraditoriamente, faça apologia do regime militar, discurso fartamente documentado.

Temas: bolsonaro

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