Publicado em 06/04/2016 às 09h04.

Brasil em guerra verbal. A gente morre no fim

Morremos com a crise econômica galopando, o desemprego crescendo, a indústria definhando, o comércio fechando lojas, sem que se veja uma nesga de esperança

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“Uma guerra política é aquela em que todos atiram pelos lábios”.

Raymond Moley, economista e político norte-americano (1886 – 1975)

Brasil em crise (Foto reprodução wikipedia
Brasil em crise (Foto reprodução wikipedia

 

O título acima resume o que queremos dizer: o Brasil está em guerra, no meio de um intenso bombardeio. Vamos colocar os pingos nos ‘is’. Veja alguns exemplos do tiroteio com nós no meio do fogo cruzado.

O último:

Há duas semanas, o PMDB saiu do governo que, por seu turno, anunciou que iria fazer ‘a repactuação da base política’.

A oposição atacou. Disse que o governo instituiu o toma lá, dá cá, para tentar barrar o impeachment. Ontem Dilma refluiu. Disse que só fará a reforma ministerial após a votação do impeachment. A oposição voltou a atacar. Diz que o governo está dando cargos pré-datados. Quem votar contra o impeachment leva.

Conclusão: fica parecendo que a oposição quer que o governo (que já não governa, só se defende) erga os braços e se renda.

O impeachment:

O governo diz que é golpe e forjou o rojão para os militantes dispararem nas ruas: Não vai ter golpe.

A oposição diz que não é golpe. É um dispositivo previsto na Constituição.

Conclusão: Não é golpe, mas o motivo frouxo, as pedaladas fiscais, é o que se tem. A oposição anda caçando um a qualquer custo.

O motivo do impeachment:

Pedalada fiscal é motivo de cassação? Nunca foi. O governo diz, com razão, que todos fazem e ninguém foi punido.

A oposição diz que sim. Nele estaria a razão da crise econômica: Dilma gastou um dinheiro que não tinha para ganhar a eleição e arrombou o Brasil.

Conclusão: As pedaladas não são as razões da crise em si, mas ajudou. De qualquer forma, em governo fraco, tudo cola.

Posição de Temer:

O governo diz que ele traiu. Que também assinou pedaladas nas vezes que substituiu Dilma, curtiu as benesses, quando tudo estava bem e agora resolveu dizer-se indignado.

O PMDB, dividido como sempre, historicamente (não só com Dilma, mas com todos) tem um pé no governo e outro na oposição. A ala oposicionista tornou-se majoritária e triunfou a tese de que não dá mais para suportar um governo corrupto.

Conclusão: O pano de fundo da reação oposicionista é a máquina de surrupiar dinheiro da Petrobras, instituído pelo PT, para sustentar-se no poder, revelado pela Lava Jato. Temer é beneficiário, quer queira quer não, mas como Pilatos lavou as mãos, como se não fosse parte.

E depois de tudo, sabe quem morre? Nós, com a crise econômica galopando, o desemprego crescendo, a indústria definhando, o comércio fechando lojas, sem que se veja uma nesga de esperança.

 

Fachada da Ceplac (Foto Divulgação Ceplac)
Fachada da Ceplac (Foto Divulgação Ceplac)

 

Repúdio geral

O deputado Eduardo Salles (PP) estava ontem pelos corredores da Assembleia coletando assinaturas de colegas para uma moção de repúdio contra a ministra Kátia Abreu (Agricultura), por ter rebaixado a Ceplac à condição de departamento.

Até o fim da tarde, ele coletou 45 assinaturas entre 47 deputados presentes.

Rosemberg Pinto (PT) é um dos poucos que hesitaram. É a favor que se use todos os meios para pressionar o governo a rever a decisão, ‘mas sem essa de repúdio’. Traduzindo: não quer jogar mais lenha na fogueira, já bastante acesa, de Dilma.

Mas Eduardo é incisivo:

— Ela nos traiu. Disse que ia nos ouvir antes de decidir, decidiu e não ouviu.

Mas no conjunto, a boa vontade dos deputados em assinar foi tanta que, segundo os mais antigos, só se viu algo igual em uma moção de congratulações à Irmã Dulce.

 

(Foto: Agência Brasil)
(Foto: Agência Brasil)

 

Esperando Dilma

Eduardo Salles diz que conversou com Jaques Wagner e ele prometeu reverter a situação. Só há um probleminha: ontem Dilma disse que só vai trocar ministro após a votação do impeachment.

O que quer dizer que, até lá, Kátia Abreu fica. E com o impeachment em pauta, o governo não governa, só pensa nisso.

Emparedando Aristides

O deputado José Carlos Aleluia (DEM) entrou na Procuradoria Geral da República com uma representação contra o dirigente da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), Aristides Santos que, num ato de apoio a Dilma, ameaçou invadir gabinetes, fazendas e propriedades de parlamentares que apoiam o impeachment.

— O Palácio do Planalto não pode virar palanque para foras da lei incitarem o crime.

Ele quer que o MPF também apure o caso.

Velho Chico sem Velho Chico

Conhecedor da cultura das barrancas do São Francisco, nascido, criado e vivido em Juazeiro e região, o ex-deputado Pedro Alcântara diz que até agora ainda não viu onde a novela Velho Chico se encaixa no Rio São Francisco, além do nome:

— Botam lá um bocado de gente se matando, coisa que, se já existiu, não existe mais, e sobre a cultura ao redor do rio, nada.

 

Montagem bahia.ba
Montagem bahia.ba

 

Lamento petista

Com a saída do senador Walter Pinheiro do PT, alguns petistas remontam 2010 para lamentar: naquele ano, Jaques Wagner, governador, rifou Waldir Pires da disputa pelo Senado para colocar Pinheiro.

Dizem que se fosse Waldir era ‘traição zero’.

Disputa em Conquista

A escolha do deputado Zé Raimundo como o candidato do PT a prefeito de Vitória da Conquista não incomodou o deputado Herzém Gusmão (PMDB), o principal nome da oposição, segundo o próprio:
— Eu não vou escolher adversário. Sei também que no segundo turno, Zé Raimundo e Fabrício Falcão (PCdoB) vão se unir. Estou preparado para o que vem.
Herzém diz que conta com um forte aliado, o desgaste do PT lá e fora.

Questão de honra

Nos três maiores municípios da Bahia em população – Salvador, Feira de Santana e Conquista -, o PT nunca governou as duas primeiras.

Em compensação, governa Conquista há mais de 20 anos.

Em Salvador, ACM Neto é favorito e, em Feira, Zé Ronaldo. Para os petistas, manter o poder em Conquista é questão de honra.

Urologia em debate

O coordenador do Serviço de Urologia do Hospital da Bahia, Juarez Andrade, foi convidado a participar do projeto itinerante de educação médica da Boston Scientific, o Stone Institute.

O projeto será realizado dias 15 e 16 no CEO do Salvador Shopping e pretende capacitar urologistas Ureteroscopia a urologistas, com foco em tratamento de cálculos renais com Ureteroscopia Flexível.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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