Publicado em 25/05/2021 às 19h20.

‘Capitã Cloroquina’ teria mentido ao menos 12 vezes em depoimento na CPI; veja lista

Checagem apontou uma série de contradições nas declarações de Mayra Pinheiro

Redação
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

 

A secretária de Gestão do Trabalho e Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, teria mentido ao menos 12 vezes durante o seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado, nesta terça-feira. A contagem foi feita pela equipe de checagem rápida organizada pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL).

O documento aponta contradições ditas pela secretária, também conhecida como ‘Capitã Cloroquina’. Entre elas estão a recomendação de remédios no tratamento contra a Cocid-19, a negativa de que a plataforma Tratecov tenha sido hackeada, o uso de pesquisas com metodologia questionáveis, entre outras situações. Veja lista:

1 – Tratamento precoce

Ela disse que seria utilizado por profissionais médicos de todos os mundos, que oferecem assim que feito o diagnóstico. Porém não há qualquer dado a esse respeito, sobretudo após a recomendação da OMS em sentido contrário ao uso de cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina.

2 – Medicamentos para Covid

As notas Orientativas do Ministério da Saúde, nº 9 e nº 17 apenas recomendam medicamentos. O documento “Plano Manaus”, assinado pelo Ministro Pazuello, diz textualmente que deve incentivar o tratamento precoce. O aplicativo TrateCov, por sua vez, indica expressamente o tratamento. A depoente, em ofício encaminhado à Secretaria de Saúde considera inadmissível não usar a cloroquina e demais remédios.

3 – Pesquisas na área  de infectologia

Ela disse que não levou, enquanto secretária, informações ou experiências a respeito de estudos, pesquisas e publicações na área de infectologia. No depoimento relembra suas experiências, pesquisas e informações.

4 – Sobre cloroquina

Afirmou ser antiviral e mantém a orientação para uso de Cloroquina e Hidroxicloroquina. A Cloroquina não é um antiviral nem um anti-inflamatório, e sim um antimalárico, utilizado em casos de malária, que é um protozoário, não um vírus. OMS e Conitec recomendam não utilizar os medicamentos, porque inócuos ao tratamento.

5 – Aplicativo Tratecov

Segundo Mayra, a plataforma  a plataforma foi retirada do ar, apenas, para fins de investigação, sem que tenha havido deturpação ou alteração, como ela mesma havia dito. Já Pazuello disse que foi retirada do ar porque foi hackeada e dados teriam sido irregularmente alterados.

6 – OMS e Conitec

Levou em consideração os estudos e declarações a respeito do uso de cloroquina e hidroxicloroquina. Usou e recomendou o uso, porque, segundo suas próprias declarações contraditórias, as recomendações da OMS e CONITEC foram baseados em estudos com qualidade metodológica questionáveis.

7 – População pediátrica

Ela declarou que 37,5% da população pediátrica tem menos chance de contrair a doença e que todas deveriam ter continuado estudando presencialmente. Desconsidera que, em todas as escolas, há presença de adultos e não apresentou percentual de transmissão, de crianças para adultos.

8 – Isolamento

Anteriormente ela disse que o isolamento causou pânico na cidade, atrapalhou a evolução natural da doença e impediu o efeito rebanho de imunização. Na CPI ela contradisse sua declaração ao ser perguntada se teria conhecimento, recebido estudo técnico ou análise dessa tese e de seu impacto sobre a saúde pública, afirmando que não recebeu. Também afirmou que tal tese nunca foi cogitada pelo Ministério da Saúde e que desconhece qualquer médico que defendesse igual teoria.

9 – Comando do Ministério da Saúde

Declarou continuidade dos trabalhos desde a gestão Mandetta. Contradisse sua afirmação ao afirmar os diferentes Ministros adotaram decisões diversas porque as necessidades quanto à pandemia teriam mudado ao longo do tempo.

10 – Manaus

Afirmou que conhecia previamente a situação e as características do sistema de saúde de Manaus, que já havia experimentado um colapso em abril e maio de 2020. Segundo a checagem, há clara contradição quando declara que, somente esteve em Manaus entre 3 e 5 de janeiro, quando tomou ciência da realidade ali apresentada. E, declara também que só se deslocou a Manaus em 3 de janeiro, para providências pertinentes, por ordem do Ministro Pazzuelo.

11 – Oxigênio em Manaus

Mayra disse que seria impossível prever a quantidade de oxigênio a ser usada e a consequente falta do fornecimento. A checagem aponta contradição com o que afirmou ao Ministério Público Federal: “é possível realizar esse cálculo a partir do prognóstico de hospitalizações, pois se estima a quantidade de insumo a partir do número de internados”.

12 – Encontro com Bolsonaro

A secretária respondeu ao senador Renan Calheiros que nunca havia se encontrado com o presidente Jair Bolsonaro. Em contradição, respondeu ao senador Randolfe Rodrigues que encontrou-se uma única vez com Bolsonaro, no Ministério da Saúde.

Com informações da CNN.

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