Publicado em 16/08/2019 às 18h20.

Dallagnol fez lobby para tentar emplacar Aras na PGR, apontam mensagens

Coordenador da Lava Jato entrou em contato com ministros do governo Bolsonaro, senadores e ao menos três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF)

Redação
Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil
Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil

 

Coordenador da força-tarefa da Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol fez lobby com ministros do governo Jair Bolsonaro, senadores e pelo menos três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar emplacar o baiano Vladimir Aras, seu colega, como novo chefe da Procuradoria-Geral da República (PGR), de acordo com o UOL e o site The Intercept Brasil.

Segundo os veículos, mensagens trocadas entre Dallagnol e Aras mostram que a articulação foi iniciada ainda durante a campanha eleitoral.

Ainda juiz federal na época, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, é tratado como alguém próximo ao grupo político de Bolsonaro.

“Fala com Moro sobre minha candidatura a PGR”, escreveu Aras no dia 11 de outubro de 2018, quatro dias depois do primeiro turno presidencial. “Com bolsonaro eleito, vou me candidatar”, acrescentou, no mesmo dia.

Aras disse ainda que já havia conversado com Moro sobre sua candidatura e destaca a proximidade do então magistrado com Bolsonaro. “Ele já tem prestígio agora”, aponta.

Dallagnol, então, demostra otimismo: “conseguimos articular sua indicação”. “Temos várias pessoas para chegar lá. Várias pessoas que se associaram a nós na luta contra a corrupção”, completa.

A partir de fevereiro deste ano, aumentaram as articulações. No dia 19, o candidato pediu explicitamente a ajuda do coordenador da Lava Jato para ter acesso à cúpula do Judiciário: “Vc poderia me apresentar a Barroso e Fachin?”, questionou. “Preciso de aliados no STF”, disse.

Dallagnol se compromete a acompanhar Aras nos encontros em Brasília: “Prov em março vou prai pra dar uma aula magna em uma faculdade com o dia livre e marcamos c eles”.

O coordenador da Lava Jato também enviou um texto elogioso sobre Aras para Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e Luiz Fux.

A mensagem dizia que Aras “é um colega sério e ponderado, tem excelente capacidade de diálogo, é comprometido com o Estado de Direito e qualificado para o cargo” e ainda afirmava que, “se indicado, fará um grande trabalho na Procuradoria-Geral”. O texto foi redigido pelo próprio Aras.

Além de Moro, Deltan afirmou em abril ter enviado mensagem a Onyx Lorenzoni (DEM), ministro-chefe da Casa Civil, sobre a candidatura de Aras. Outro ministro contatado foi André Mendonça, da Advocacia-Geral da União (AGU).

A indicação do novo procurador-geral da República cabe ao presidente Jair Bolsonaro. No entanto, desde 2001, os integrantes do Ministério Público Federal (MPF), em votação direta, elaboram uma lista tríplice, que é entregue ao chefe do Palácio do Planalto como sugestão.

Com 346 votos dos colegas, Aras foi o quinto mais votado e ficou fora da lista tríplice. Bolsonaro tem sinalizado que não indicará para o cargo nenhum dos integrantes da lista.

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