Publicado em 15/03/2016 às 14h50.

Delcídio expõe influência da bancada do PMDB do Senado no ministério

Segundo o senador, partido tem forte atuação no Ministério de Minas e Energia, com representantes na Eletrosul, Eletronorte, Eletronuclear e, até recentemente, na Petrobras

Agência Estado
(Foto: Lia de Paula/ Diário do Poder)
Presidente do Senado, Renan Calheiros, é um dos citados na delação (Foto: Lia de Paula/ Diário do Poder)

 

Em delação premiada homologada nesta terça-feira (15), no Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Delcídio Amaral (PT-MS) expôs o chamado “arco de influência” da bancada do PMDB do Senado em nomeações para ministérios e estatais. Segundo ele, o partido é especialmente protagonista no Ministério de Minas e Energia (MME), com representantes na Eletrosul, Eletronorte, Eletronuclear e, até mais recentemente, nas diretorias de abastecimento e internacional da Petrobras.

Entre os parlamentares peemedebistas citados por Delcídio, está o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), além do ex-ministro do MME, Edison Lobão (MA). Os senadores Jader Barbalho (PA), Romero Jucá (RR) e Valdir Raupp (RO) também fariam parte do “time” que teria influência nas obras das hidrelétricas de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio, além da Usina Nuclear de Angra 3.

“Na Petrobras, abraçaram a manutenção de Paulo Roberto Costa na diretoria de abastecimento e Nestor Cerveró na diretoria internacional, como consequência do ‘escândalo do Mensalão’. A ação desse grupo se fez presente em subsidiárias da Petrobras como, por exemplo, a Transpetro. Lá reinou, absoluto, durante dez anos, Sérgio Machado, indicado por Renan Calheiros. Seguidas vezes o vi, semanalmente, despachando com Renan na residência oficial da Presidência do Senado”, relatou Delcídio aos investigadores.

O delator chama a atenção para as agências nacionais de Saúde Suplementar (ANS) e de Vigilância Sanitária (Anvisa), cujas diretorias também teriam sido indicadas pelo PMDB do Senado, principalmente por Renan, Jucá e pelo líder do PMDB na casa, Eunício Oliveira (CE). “Jogaram ‘pesado’ com o governo para emplacar os principais dirigentes dessas agências. Com a decadência dos empreiteiros, as empresas de planos de saúde e laboratórios se tornaram os principais alvos de propina para os políticos e executivos do governo”, acrescentou Delcídio.

O senador petista acusou ainda Eunício de colocar suas empresas para prestar serviços terceirizados na Petrobras e em vários ministérios, “através de contratos milionários”, alguns sem licitação ou concorrência pública.

De acordo com Delcídio, os principais “operadores” do PMDB seriam Jorge Luz e Milton Lyra. Esse último, chamado pelo delator de “homo brasiliensis”, teria grande atividade junto a fundos de pensão como o Postalis, dos Correios, cuja direção havia sido indicada por Renan e Lobão.

“O ‘homo brasiliensis’ opera bastante com o deputado Eduardo Cunha (RJ) e o senador Romero Jucá, especialmente na definição de emendas às medidas provisórias que tramitam nas duas casas (Câmara e Senado)”, completou.

Delcídio deixou a prisão em 19 de fevereiro, após ter ficado quase três meses na cadeia acusado de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato. O ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato STF, homologou nesta terça-feira delação premiada do senador e abriu o sigilo dos autos.

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