Publicado em 17/04/2016 às 09h06.

Dilma no paredão e nós, no mato sem cachorro

A presidente está emparedada. Se ficar, é ruim. Se cair, não é o fim das angústias nacionais

Levi Vasconcelos

Frase da vez

 

‘Não acho que quem ganhar ou quem perder,

nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder.

Vai todo mundo perder’

Dilma Rousseff (1947)

 

 

 

Brasília- DF 13-04-2016 Presidenta Dilma durante cerimônia de Assinatura de renovação de contrato de arrendamento entre a Secretaria Especial de Portos e o Terminal de Contêineres de Paranaguá Palácio do Planalto Foto Lula Marques/Agência PT
Foto Lula Marques/Agência PT

 

Pensam vocês que se Dilma cair o Brasil estará feliz? Talvez, para alguns opositores, tenha alguma, tão efêmera, ressalte-se, quanto dura a satisfação de ver o seu time preferido vencer.

O Brasil está mergulhando numa depressão de difícil saída. Dilma paga o pato, óbvio. Não tem carisma e nem popularidade, chegou ao poder na ponga de Lula, que tem os dois.

Pedalada fiscal, o motivo alegado para o impeachment, em si, é uma bobagem, do tamanho do Fiat Elba que derrubou Fernando Collor.

Governos, de todos os matizes, sempre a usaram para passar a dobrada do ano fingindo estar em dia diante da lei. No caso de Dilma, elas ganharam vulto porque a oposição a acusa de ter maquiado as contas públicas para forjar um clima de bem-estar e ganhar as eleições. Passado o pleito, vitória na mão, viu-se pelos atos e fatos praticados pela própria, logo de cara aumentando a gasolina e a energia, que o país estava arrombado.

Repetindo o que já dizemos desde sempre; o que levanta ou derruba governo é economia, aqui e alhures.

Se todo o mundo estivesse com o bolso forradinho, pregar impeachment seria como tentar enxugar gelo. Da mesma forma que o inverso, xingar o governo em meio a uma crise econômica, é riscar fósforo em palha seca.

A presidente está emparedada. Se ficar, é ruim. Se cair, não é o fim das angústias nacionais. Até porque, se a roubalheira da Lava Jato irrigou a campanha que a elegeu, os seus digníssimos sucessores também comeram no prato. E também a ajudaram a governar, para o bem e para o mal.

Para nós, é como estar no mato sem cachorro.

 

Jogo pesado

Surpreende alguns deputados da oposição dizerem que Brasília viveu um jogo pesado nos últimos dias, com o intenso toma lá, dá cá, do governo na tentativa de sobreviver.

Parecem ser duplamente ingênuos. Ou melhor, parecem puerilmente não perceber que estão querendo derrubar a presidente da República. E também que a presidente já disse, bradou e bradou que de lá, só sai na marra.

Poder não se dá, se toma. E, em tais circunstâncias, pretender civilidade dos perdedores é demais.

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