Publicado em 25/05/2016 às 06h21.

Em conversa gravada, Renan defende impedimento de delação premiada

O presidente do Senado também fala em negociar a transição com membros do STF

Redação
Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados

 

O presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse em conversa gravada pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que apoia uma mudança na lei que trata da delação premiada de forma a impedir que um preso se torne delator.

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o peemedebista sugeriu que, após enfrentar o assunto, também poderia “negociar” com membros do Supremo Tribunal Federal (STF) “a transição” de Dilma Rousseff.

Machado e Renan são alvos da Lava Jato. Desde março, com receio de ser preso, Machado gravou pelo menos duas conversas entre ambos e teve, nesta terça-feira (24), um acordo de delação premiada homologado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki. Ele também gravou o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que já deixou o Ministério do Planejamento no governo Michel Temer.

Em um dos diálogos com o senador, Machado sugeriu “um pacto”, que seria “passar uma borracha no Brasil”. Renan responde: “antes de passar a borracha, precisa fazer três coisas, que alguns do Supremo [inaudível] fazer. Primeiro, não pode fazer delação premiada preso. Primeira coisa. Porque aí você regulamenta a delação”.

O presidente do Senado também fala em negociar a transição com membros do STF, embora o áudio não permita estabelecer com precisão o que ele pretende.

Para Renan, todos os políticos “estão com medo” da Lava Jato. “Aécio [Neves, presidente do PSDB] está com medo. [me procurou] ‘Renan, queria que você visse para mim esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa'”, contou Renan, em referência à delação de Delcídio do Amaral (sem partido-MS), que fazia citação ao tucano.

O peemedebista disse que uma delação da empreiteira Odebrecht “vai mostrar as contas”, em provável referência à campanha eleitoral de Dilma. Machado respondeu que “não escapa ninguém de nenhum partido”. “Do Congresso, se sobrar cinco ou seis, é muito. Governador, nenhum.”

Por meio de sua assessoria, o presidente do Senado informou que os “diálogos não revelam, não indicam, nem sugerem qualquer menção ou tentativa de interferir na Lava Jato ou soluções anômalas. E não seria o caso porque nada vai interferir nas investigações”.

“Em relação ao senador Aécio Neves, o senador Renan Calheiros de desculpa porque se expressou inadequadamente. Ele se referia a um contato do senador mineiro que expressava indignação –e não medo– com a citação do ex-senador Delcídio do Amaral”, diz um trecho da nota.

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