Publicado em 23/05/2016 às 06h30.

Em gravação, ministro de Temer fala em pacto para deter Lava Jato

Jucá acrescentou que um eventual governo Michel Temer deveria construir um pacto nacional "com o Supremo, com tudo"

Redação
 (Foto: Antônio Cruz/ABr)
(Foto: Antônio Cruz/ABr)

 

O ministro do Planejamento, o senador licenciado Romero Jucá (PMDB-RR), sugeriu ao ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, em conversas ocorridas em março passado (clique aqui), que uma “mudança” no governo federal resultaria em um pacto para “estancar a sangria” representada pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga o esquema de corrupção na Petrobras.

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, a gravação foi oculta e os diálogos entre Machado e Jucá ocorreram semanas antes da votação na Câmara que desencadeou o impeachment da presidente Dilma Rousseff. As conversas somam 1h15min e estão em poder da Procuradoria-Geral da República (PGR).

O advogado do ministro do Planejamento, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou à reportagem que seu cliente “jamais pensaria em fazer qualquer interferência” na Lava Jato e que as conversas não contêm ilegalidades.

Em um dos trechos, Machado diz a Jucá: “O Janot está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho. […] Ele acha que eu sou o caixa de vocês”.
Na visão de Machado, o envio do seu caso para Curitiba seria uma estratégia para que ele fizesse uma delação e incriminasse líderes do PMDB.

Machado disse que novas colaborações premiadas não deixariam “pedra sobre pedra”. Jucá concordou que o caso de Machado “não pode ficar na mão desse juiz [Moro]”.

O atual ministro e ex-líder de governo no Senado Federal afirmou que seria necessária uma resposta política para evitar que o caso caísse nas mãos de Moro. “Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra. Tem que mudar o governo para estancar essa sangria”, disse. Machado respondeu que era necessária “uma coisa política e rápida”.

Jucá ainda chamou Moro de “uma ‘Torre de Londres'”, em referência ao castelo da Inglaterra em que ocorreram torturas e execuções entre os séculos 15 e 16. Segundo ele, os suspeitos eram enviados para lá “para o cara confessar”.

O ministro acrescentou que um eventual governo Michel Temer deveria construir um pacto nacional “com o Supremo, com tudo”. Machado disse: “aí parava tudo”. “É. Delimitava onde está, pronto”, respondeu Jucá, a respeito das investigações.

O senador licenciado afirmou que tem “poucos caras ali [no STF]” aos quais não tem acesso e um deles seria o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Tribunal, a quem classificou de “um cara fechado”.

Jucá é alvo de um inquérito no STF derivado da Lava Jato por suposto recebimento de propina.

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.