Publicado em 15/04/2019 às 11h10.

Honras e pompas para o naufrágio proposital do ferry do Agenor Gordilho

É mais ou menos um recado para o mundo, tipo: 'Vem que aqui também tem'

Levi Vasconcelos
Foto: Antonio Saturnino/Correio
Foto: Antonio Saturnino/Correio

 

Após 16 anos como fiel escudeiro de Bell Marques, estrela top do axé music, ninguém duvida que Fausto Franco, secretário de Turismo da Bahia, entende de festas.

Assim o é que ele está preparando uma das boas, com honras e pompas para o naufrágio proposital do ferryboat Agenor Gordilho, na Baía de Todos Santos, nas imediações da Vitória, a uma profundidade de 33 metros.

— Vai ser coisa de uma hora e meia. Mas queremos que o Brasil e o mundo vejam.

Caso único

Tem a ver. Fausto está sabendo surfar bem numa ideia parida pelo antecessor, José Alves, naufragar navios para atrair o turismo de mergulho, uma prática já difundida noutros pontos do planeta. É mais ou menos um recado para o mundo, tipo: ‘Vem que aqui também tem’.

Claro que é um naufrágio ligth. O Mapa de Naufrágios da BTS, elaborado por pesquisadores do Observatório de Riscos e Vulnerabilidade Socioambientais da Baía de Todos os Santos, da UFBA, contabiliza 18 naufrágios, todos com ares trágicos.

O Agenor, que vai ficar ao lado de uma balsa (a ser naufragada junto), não. Foram retirado fios, motores, apetrechos de amianto, tudo o que possa oferecer riscos ao meio ambiente e aos mergulhadores, trabalho feito pela empresa Engesub Serviços Subaquáticos Eireli.

Com mais de 40 anos de uso, o destino do Agenor, um túmulo visitado na BTS, é mais honroso que o do ferry Gal Costa. Acabou cortado em pedaços para ser derretido.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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