Publicado em 02/12/2015 às 20h20.

Impeachment: oposição aposta em ‘tempo’, ‘absurdo’, diz petista

Previsão é de que recesso na Câmara seja cancelado para convencer parlamentares indecisos; governo aposta em 'falta de deputados'

Hieros Vasconcelos

 

Fotos: Gustavo Lima/ Luis Macedo/ Zeca Ribeiro/ Câmara dos Deputados
Fotos: Gustavo Lima/ Luis Macedo/ Zeca Ribeiro/ Câmara dos Deputados

 

Após o deputado federal e presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) ter autorizado o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), na tarde desta quarta-feira (2), os políticos da oposição estão em clima de comemoração e confiantes na saída da petista. Já os governistas  garantem que a mandatária nacional permanece no cargo, uma vez que não há número suficiente na Câmara para aprovar o pedido de interrupção do mandato.

Opiniões à parte, é fato que o Congresso viverá, nos próximos meses, um clima de muita tensão que culminará, inclusive, na ausência de recesso de fim de ano. Para a ação ser instaurada, são necessários 2/3 dos votos dos membros da Casa e a continuidade nos trabalhos legislativos seria de fundamental importância para convencer os “indecisos”.

Para o deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), é apenas uma questão de tempo para Dilma deixar a presidência. “Dilma cometeu crime de responsabilidade. Acho até que ele demorou, mas talvez foi o tempo suficiente para ser formado juízo de valor”, considerou o tucano, em entrevista ao bahia.ba.

Ainda conforme o parlamentar, quem não tem opinião formada deverá ouvir as vozes das ruas, que, na avaliação dele, querem a saída da presidente. “Não tenho dúvida que a população brasileira vai se mobilizar novamente e aqueles deputados que eventualmente tem algum tipo de dúvida em relação ao voto que deverá ser dado devem ouvir as ruas”, declarou.

Senado – A decisão dos parlamentares pelo impeachment de Dilma deverá ser referendada ainda pelo Senado. O parlamentar federal José Carlos Aleluia, presidente do DEM na Bahia,  não vê chances de a Câmara Alta do Congresso barrar o processo. “O Brasil hoje respira uma luz de esperança. O país não poderia continuar sendo comandado por ela. O PMDB deveria ter feito isso. Não tenho dúvida de que o Senado vai referendar a decisão pela saída dela porque é o que o povo quer”, avaliou o democrata.

De maneira muito diferente pensa o deputado Jorge Solla (PT). Segundo ele, a ação nem sairá do Legislativo. “Não há deputados suficientes para aprovar o pedido de impeachment.  É absurda a posição de Cunha. Ele é acusado de corrupção e tem provas concretas contra ele, tem um processo de cassação correndo no Conselho de Ética, e ele acata um pedido de impeachment sem ter nada contra presidente Dilma”, considerou.

Para o petista, houve um acordo às pressas nesta quarta entre oposicionistas e Eduardo Cunha para que ele autorizasse o processo de impeachment para que, em contrapartida, recebesse a promessa de que a bancada da minoria não votaria pela sua cassação.

“Muitos que iriam votar pela cassação dele fecharam acordo para continuar sustentando ele. Cunha acatou o impeachment e em troca parlamentares vão votar a favor da permanência dele”, apostou Solla.

O pacto teria sido feito logo após os deputados petistas terem informado que dariam continuidade ao processo que pede a perda do mandato do peemedebista.

Comissão – Uma comissão formada por deputados federais de todos os partidos irá analisar os próximos passos e as acusações contra a presidente. A possibilidade de cancelar o recesso de fim de ano é comentada pelos parlamentares. “Nós, tucanos, somos a favor do cancelamento”, disse Imbassahy. A mesma posição foi reiterada pelo democrata Aleluia.

 

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