Publicado em 29/06/2016 às 09h24.

Jair Bolsonaro: o profeta dos malditos ou arauto da baixaria?

No dia da votação do impeachment, ele homenageou a memória do Coronel Brilhante Ustra, "o pavor de Dilma", um torturador confesso

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“O torturador tem câncer na alma”

Nelson Rodrigues, escritor brasileiro (1912-1980)

Jair Bolsonaro (Foto: Janine Moraes/Agência Câmara).
Jair Bolsonaro (Foto: Janine Moraes/Agência Câmara).

 

Perguntam-me leitores amigos o que acho do deputado Jair Bolsonaro. Nada de bom, é óbvio, nem pelos atos praticados e nem pelo manto que o protege.

Devolvo a pergunta: pode um representante do povo se escudar na imunidade que lhe garante o livre direito de opinião para disparar impropérios morais, como o estupro, e descalabros políticos, como a tortura?

Para a deputada Maria do Rosário (PT-RS),  ele disse, em um debate em plenário em que ela defendia as vítimas da ditadura, que “jamais a estupraria porque ela é muito feia, não faz meu gênero, não merece”.

É como se estivesse a dizer que há casos em que o estupro se justifica, uma lástima, piorada por partir de um (suposto) representante do povo.

No dia da votação do impeachment, ele homenageou a memória do coronel Brilhante Ustra, “o pavor de Dilma”, um torturador confesso. Justifica ele, e não é agora, a tortura como política de estado.

Ora, a porta da história é larga. Por ela entram os grandes homens, aqueles que legam para a posteridade exemplos, por obras ou palavras, de decência e dignidade. E também os terroristas, como Osama Bin Laden e os que explodem boates gays, jornais e aeroportos.

Por aí, os sensatos haveriam de optar pelos caminhos da civilidade e Bolsonaro é indigno de tais bibliotecas.

Mas ressalte-se que a tal imunidade por ele evocada para julgar-se no direito a tais desatinos, há muito no Brasil tem servido para proteger corruptos.

Vamos ver o que diz o Conselho de Ética da Câmara, que também não é lá grandes coisas.

Foto: Alberto Coutinho/ Agecom
Foto: Alberto Coutinho/ Agecom

 

Forró sem crise

Em 2016, o ano em que a crise econômica mais gerou fechamento de empresas e, por tabela, o desemprego, o ferry boat, um dos principais corredores de tráfego de Salvador rumo ao interior, teve um movimento maior de carros e pessoas do que em 2015.

Por lá passaram, de terça da semana passada até a segunda última, 153.139 pessoas e 22.775 veículos. De gente, foi 32% a mais do que no passado (116.680). E de carros, 27% a mais (17.926). Na BR-324, o movimento também foi intenso, a medir pelo engarrafamento  (seis horas entre Salvador e Feira).

O São João cair numa sexta-feira ajudou, vá lá, mas o fato objetivo é que na hora do forró, o baiano mandou a crise às favas.

Viva Zumbi e Dorival

Se o movimento foi dos maiores no ferry, o tempo de espera, não. Duas horas e meia, no pico (quinta, indo, e segunda, vindo). A Internacional Marítima botou oito navios, mas o Zumbi dos Palmares e o Dorival Caymmi, que pegam respectivamente 180 e 220 carros, são experiências que deram certo.

Jorge Solla (Foto: Antônio Augusto/Câmara dos Deputados).
Jorge Solla (Foto: Antônio Augusto/Câmara dos Deputados).

 

No mais médicos

Um dos últimos atos de Dilma no poder foi a edição da MP do Mais Médicos, que prorroga o programa por mais dois anos. Saiu porque o deputado Jorge Solla (PT) queixou no avião, de volta a Brasília. Na última viagem dela a Salvador, quando ainda estava no poder. Adivinhe quem é agora o relator da MP?

Isso, Solla. E sobre ela desabou uma tempestade de 28 emendas.

Ele está inclinado a recusar todas.

Nitroglicerina pura

No cartel das emendas, há uma que proíbe filhos e mulheres dos médicos de exercerem atividades remuneradas no Brasil, outra que impõe a remuneração em bancos brasileiros (acaba o acordo com Cuba), uma outra reduz a permanência dos médicos de três para um ano e duas detonam a própria MP.

Expectativa em Catu

Gilcina Carvalho, viúva do empresário José de Carvalho, ex-dono da Ferbasa, está sendo assediada para disputar as eleições deste ano em Catu, município que ela já governou por dois mandatos. Se topar, vai tirar um pouco do sono do prefeito Geranilson Requião (PT), que está desgastado, mas impera quase só.

Gilcina está naquela de vai, não vai. E só não vai se não quiser. Partido ela tem, o DEM.

Fedor sem padrinho

Na confluência das ruas Artur César Rios e Xavier Marques, no Barbalho, um esgoto estourou há três meses.

A Embasa empurra para a prefeitura, dizendo tratar-se de esgoto pluvial, e a prefeitura empurra para a Embasa.

Se o esgoto é pluvial ou sanitário, sabe Deus, mas um fato é notável na tampa do nariz de todo mundo: fede, e fede muito.

Gato e rato

Taxistas e motoristas do Uber travam uma guerra de gato e rato nas ruas de Salvador: os segundos com medo de agressões por parte dos primeiros.

O Uber foi proibido por uma lei municipal, mas os organizadores entraram no STF argumentando a inconstitucionalidade, já que, dizem eles, o assunto é regulado pela legislação federal. Até a solução do caso, continua funcionando normalmente.

Baleia Jubarte

O Projeto Baleia Jubarte acendeu a luz amarela: a temporada das baleias que migram do sul começou. Ano passado, dez baleias encalharam na costa brasileira, dez delas com marcas de enroscamento em artefatos de pesca.

Milton Marcondes, coordenador de pesquisa do Baleia Jubarte (que é financiado pela Petrobras), diz que tem sido cada vez mais frequente o encalhe de baleias por causa de redes de pesca.

(Foto: Divulgação).

 

Turnão nas férias

Marcelo Nilo (PSL) decretou mesmo o turnão na Assembleia, na esperança de poupar energia, cafezinho e restaurante, mas com um detalhe: só vale no mês de julho, quando a casa está em recesso.

Conclui-se que no dia a dia, o turnão é inviável.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.