Publicado em 24/05/2016 às 09h39.

Jucá revela o óbvio: o nosso modelo político apodreceu. E fede muito

Mas de tudo o que Jucá disse, o detalhe mais devastador não é a revelação das artimanhas para produzir o impeachment

Levi Vasconcelos
Frase da vez

“Num estado democrático existem duas classes de políticos: os suspeitos de corrupção e os corruptos”

David Zac, bispo da Diocese de Kampala, Uganda
(Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado).

 

Tido como um dos mais hábeis articuladores do PMDB, o senador Romero Jucá se estrepou. E na sua angústia, falou um monte de baboseiras.- São frases soltas. Os trechos estão fora de contexto.

– Da minha parte, sempre defendi e apoiei com atos a Operação Lava-Jato.

Ora, Jucá… Ainda queres nos fazer de idiotas (mais ainda)?

Mas de tudo o que Jucá disse, o detalhe mais devastador não é a revelação das artimanhas para produzir o impeachment. É a podridão do nosso sistema político.

Delcídio Amaral falou, jogando lama para todos os lados, agora é Jucá. E tantos quantos falarem assim será. E por quê? Porque o modelo de financiamento privado de campanha é corrupto na própria gênese.

É a instituição do toma lá, dá cá. E nesse jogo, todos estão melados. Que o digam Jucá, Delcídio e tantos quantos resolvam

Contágio por osmose
O ex-deputado Genebaldo Correia, um dos envolvidos no escândalo dos Anões do Orçamento, diz que o sistema político brasileiro carece de mudanças urgentes:
– Ele é horroroso. Contamina por osmose, e eu que o diga.
Político experiente, Genebaldo diz que só vê uma saída para mudar: a convocação de uma Constituinte só para tratar da reforma, com os integrantes dela proibidos de se candidatar.
– É óbvio que fica difícil. Ninguém vai querer.
 
Qual é o caso?
Já que perguntar não ofende, Michel Temer poderia nos responder uma coisa: ele bem poderia escolher pessoas para compor o ministério acima de qualquer suspeita, mas insiste em nomear alguns suspeitos carimbados, como Jucá.
Não nomeia os insuspeitos porque não pode ou por falta de tais?

Minimizando
Antonio Imbassahy, líder do PSDB na Câmara, minimizou o caso envolvendo Romero Jucá:
— Foi apenas um fato desagradável.

Desmoralizando
A opinião de Jaques Wagner, que era ministro de Dilma, é diametralmente oposta:
— 23 de maio de 2016 vai entrar para a história como o dia em que o golpe foi definitivamente desmoralizado, desmascarado.

 

(Foto: Divulgação/Assembleia Legislativa do Estado da Bahia).

 

Cabra fraca 1

O deputado Eduardo Salles (PP) está tentando costurar um encontro dos ministérios públicos federal e estadual, mais Ibama e governo baiano, para tentar destravar o fornecimento de licenças ambientais.

O MPF e o MP recomendaram aos bancos que não liberem empréstimos para produtores que não têm a tal licença.

— Só de pequenos criadores de cabras, segundo o IBGE, temos 160 mil. Essa decisão está travando a agropecuária baiana.

Cabra fraca 2

Segundo Eduardo, a Bahia aprovou uma lei que dispensa licença para áreas já de uso corrente, mas o MPF e o MP não reconhecem, acham que a lei federal se sobrepõe à estadual:

— O problema é que o Ibama tem uma equipe muito pequena. E nem que queira, tem condições de atender a todos.

SOS Cruz das Almas

Com um ano e dez meses fechado, por conta dos desatinos cometidos pelo ex-prefeito Jean Cavalcanti, o Hospital Nossa Senhora do Bonsucesso, mantido sob a gestão da Santa Casa de Cruz das Almas, não será reaberto tão facilmente.

O Ministério Público intermediou um acordo com a prefeitura local, que se obriga a passar R$ 200 mil por mês, mas, se a instituição for reaberta só com isso, o déficit mensal é de R$ 200 mil. E aí, não dá.

Atrás da Sesab

A campanha em Cruz das Almas é para que a Sesab ajude. A Santa Casa investiu mais de R$ 1 milhão para cumprir as exigências da Vigilância Sanitária, adquiriu novos equipamentos e negociou dívidas antigas.

Ou seja, está tudo pronto, prédio recuperado. Só não funciona.
(Foto: Reprodução/Facebook).

Vaquejadas na berlinda

 

O deputado Marcell Moraes (PV) está soltando foguetes. O processo que ele move no STF pedindo o fim das vaquejadas ganhou um aliado importante. O procurador da República, Rodrigo Janot, deu parecer dizendo que prática agride a Constituição.

E cita as brigas de galo, proibidas, como exemplo similar. Os galos no ringue era uma cultura perversa que a justiça extinguiu.

Plastpack em Terra Nova

Quem também solta foguetes é o prefeito de Terra Nova, Hélio Vinhas (PP). O município vai ganhar uma unidade da Plastpack, que fabrica tampas, alças e embalagens.

A nova indústria vai gerar 400 empregos diretos, um ganho e tanto.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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