Publicado em 20/11/2015 às 19h08.

Lula assume postura de candidato em discurso dirigido aos negros

Homenageado por entidades negras, ex-presidente lembrou conquistas dos afrodescendentes em seu governo e deixou clara intenção de voltar à Presidência

Elieser Cesar
Lula, acompanhado de militantes, mirando 2018 Foto: Manoel Porto
Lula, acompanhado de militantes, mirando 2018 Foto: Manoel Porto

Homenageado pelo fórum das entidades negras da Bahia, durante a 15ª Marcha da Liberdade, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez no final da tarde desta sexta-feira (20) em Salvador, um discurso de quem pretende voltar ao comando da nação. Em um rápido pronunciamento de ocasião, em cima de um trio elétrico na praça Nelson Mandela no bairro da Liberdade, fez um balanço das políticas afirmativas para os negros no governo do PT, iniciado por ele em 2002 e continuado pela presidente Dilma Roussef. O presidente se despediu com um sintomático “Vamos à luta e até a vitória”.

“Quando eu vi o Obama ser presidente nos Estados Unidos, percebi que as coisas estavam mudando.  Na América Latina por exemplo, um metalúrgico pode ser presidente da República. Na Bolívia, um índio. E agora, no Brasil, uma mulher. O movimento negro neste país, precisa estudar as conquistas que já alcançou e aquelas que a gente deseja”.

Segundo Lula, antes nunca havia sido dadas oportunidades para muitos negros mudarem de vida. “Antes, os negros só podiam ser pedreiros. Hoje, podem ser doutores. Hoje, as mulheres negras podem ser dentistas, sociólogas e, antes, só eram empregadas domésticas. Desse modo, nunca tivemos antes na história desse país tantos meninos e meninas negras na universidade”. Ainda de acordo com o ex-presidente, qualquer cientista político que fizer um levantamento perceberá que apenas 1% dos negros e negras estavam cursando ensino superior.

Abolicionista? – Como se estivesse imbuído de um espirito abolicionista, Lula perguntou ao público que lotou a praça Nelson Mandela: “O que eram os negros e as negras antes do PT chegar ao poder?”. Foi um discurso rápido e direcionado ao segmento onde o partido desfruta de grande popularidade na Bahia.

Nascido e criado no bairro da Liberdade, o mais negro da cidade, o governador Rui Costa preferiu não discursar. Afinal, parecia que o palanque estava armado apenas para Lula. Também estiveram presentes ao evento o ministro da Cultura, Juca Ferreira, o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, políticos do PT e de partidos da base aliada do governo. Ao chegar ao local, Lula foi recebido com a saudação da sua campanha eleitoral “Olê Olê Olê Olá Lula Lula”, o que não evitou vaias de um pequeno grupo, logo revertidas para aplausos quando o ex-presidente começou a falar do que fez pelo negros brasileiros.

A 50 metros do palanque, na casa de número 5, que permaneceu fechada, uma faixa provocava os petistas com a seguinte descrição: “Estamos com Aécio”. Depois do discurso de Lula, a marcha seguiu pelas ruas da Liberdade até o Pelourinho, no Centro Histórico.

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