Publicado em 15/09/2016 às 09h06.

Lula é tudo isso que o MPF diz? Se sim, virou o bandido número um da República

É óbvio que se ele não foi o mentor do esquemão desnudado pela Lava Jato, foi um grande beneficiário

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“A lógica, como o uísque, perde seu efeito benéfico quando tomada em quantidades exageradas”

 Lord Dunsany, escritor irlandês (1878-1957)

(Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
(Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

 

Por tradição ou estratégia, o Ministério Público quase sempre, no ato de acusar, costuma botar o crime atribuído a alguém nas alturas, como exemplo de estupidez, e o acusado lá embaixo, bem perto do centro da terra, como autor de prática indigna.

Com Lula, não foi diferente. Os objetos em apreço eram os clássicos, o tríplex no Guarujá, que ele jura que olhou e não gostou, e o sítio em Atibaia, que ele garante que não era dele.

Mas o procurador Deltan Dallagnol acusou Lula de ser o comandante máximo, não só do petrolão, mas também do mensalão, tendo como alvo assegurar a governabilidade e perpetuar o PT no poder.

Ou seja, fugiu dos objetos em si e descambou noutro terreno, o da política, atendo-se às conclusões obtidas a partir das interpretações dos procuradores no conjunto da obra.

A defesa de Lula foi no mesmo tom, o político. Disse que a acusação trata-se de uma estratégia para tirar Lula do jogo político em 2018.

Em síntese, para além do mérito, a discussão está politizada. Lula, pela trajetória temperada com petrolão, mensalão e o escambau, tornou-se o único líder popular do Brasil.

É óbvio que se ele não foi o mentor do esquemão desnudado pela Lava Jato, foi um grande beneficiário. Também é lógico, concluir que o PT – tão crítico dos atos de corrupção praticados por seus digníssimos antecessores – no poder desprezou tudo o que cobrava dos adversários e caiu para dentro do esquemão, produzindo o maior escândalo que o país já viu.

Mas daí a dizer que Lula também foi o mentor, convenhamos, não tínhamos um líder popular, mas o maior bandido que a história do Brasil já produziu.

O tempo será o juiz do caso. Agora, no calor dos acontecimentos, fica difícil botar os pingos nos “is” com precisão.

(Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
(Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

 

A lista de Cunha

Circula nas redes sociais a lista dos dez deputados que votaram pela absolvição de Eduardo Cunha, obviamente, demonizados.

Ora, os dez mais os nove que se abstiveram, uma pequena parcela dos muitos que comiam no prato, uns 200 ao que dizem, mais de 100, com certeza, ficaram com Cunha até o fim, apesar da execração popular em torno do dito-cujo.

Fosse a causa nobre, estariam içados ao panteão dos heróis pelo exercício de uma qualidade nobre, a lealdade a todo preço.

Nem por ser o mesmo princípio exercitado no sentido oposto, os leais a Cunha deixam de ter o seu valor, o de escancarar suas posições. O jogo político seria bem mais saudável se todos assim se comportassem. Pelo menos se saberia limpamente quem é quem.

Do jeito que está, fica difícil saber quem é pior, se os que votaram em Cunha ou os que o traíram. Os primeiros já não nos enganam, os outros continuam a nos enganar.

Os zaps de Célia

ACM Neto limpou o gabinete da vice-prefeita Célia Sacramento, depois que ela rompeu e se candidatou a prefeita. Mais de 60 auxiliares voaram, mas alguns ficaram, ao que parece pelo que se vê a seguir, dos que não iam lá.

No grupo “assessoria da vice-prefeitura”, no zap, que congrega os antigos servidores, Célia fez um apelo a duas funcionárias:

– Vocês precisam ir desenvolver suas atividades no gabinete

Questão de foco

Um dos integrantes do grupo, entre os demitidos, critica Célia. Diz que ela tomou a atitude (de romper com Neto) sem perguntar a ninguém e reclama:

– E ontem, inacreditavelmente, pedia a todos que colaborassem com cem reais para sua campanha, imagine professora, onde o seu foco levou.

Arerê em Irará 1

Em plena campanha eleitoral, os vereadores de Irará aprontaram uma contra eles próprios: se deram um aumento de 20%, extensivo ao prefeito e ao vice.

Assim, o vereador que ganha R$ 6 mil deve pular para R$ 7,5 mil a partir de janeiro, o prefeito de R$ 16 mil para R$ 20 mil e o vice, de R$ 8 mil para R$ 10 mil.

O prefeito Derivaldo Pinto (PT) já sinalizou que vai vetar, mas ainda não vetou.

Arerê em Irará 2

O jornalista Jonas Pinheiro, que acompanhou o fato, diz que terça da semana passada populares ocuparam a Câmara em protesto.

Mas nem isso sensibilizou os vereadores. O presidente da Câmara, Antônio Carlos Alves, o Carlinhos (PSB), diz que apenas obedece à legislação federal:

– O aumento real deveria ser de 30%. Nós aqui ainda demos até a menos.

O povo está à beira de um ataque de nervos.

Pagando o pato

Com vasta expertise em embates eleitorais, o advogado Ademir Ismerin prevê que das urnas de 2016 brotarão uma enxurrada de votos em branco para vereador:

— A razão é elementar: não há propaganda. E no interior, a situação é pior, porque não tem televisão.

Será o mais visível dos efeitos colaterais do modelo de financiamento adotado em 2016, só pessoa física.

Em São Joaquim

Os galpões da Codeba que ficam em frente ao Terminal de São Joaquim, ao lado da feira, já sob o controle do governo, estão em vias de passar para as mãos da Internacional Travessias, a concessionária do ferry boat.

Ainda não há um projeto específico, mas a ideia básica da empresa é melhorar os serviços e também instalar lojas.

Priscila, a pioneira

Há controvérsias sobre a ideia de Gustavo Sales (PSL) de doar 50% dos subsídios, se eleito vereador em Salvador. A jornalista Priscila Chamas, também candidata do mesmo partido, diz ser pioneira nessa iniciativa, que se compromete a doar 47% dos subsídios para botar carentes em escolas particulares.

– Ele roubou a minha ideia.

Na imagem, a prefeita de Cardeal da Silva, Maria Quitéria, do PSB (Foto: Divulgação).
Na imagem, a prefeita de Cardeal da Silva, Maria Quitéria, do PSB (Foto: Divulgação).

 

Na Índia

Maria Quitéria (PSB), prefeita de Cardeal da Silva e presidente da UPB, está na Índia, na cidade de Visakhapatnam, em missão diplomática. Participa do 3º Fórum de Urbanização dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Diz Quitéria que o foco principal é a necessidade de os governos investirem mais em infraestrutura.

– Estamos discutindo cooperação estratégica, o que nos ajuda a melhorar a governança das cidades.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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