Publicado em 01/04/2020 às 06h49.

Meirelles: governo Bolsonaro é lento nas medidas de socorro

Ideias para combater Covid-19 vão na linha correta, mas falta levá-las à prática, avalia ex-ministro e atual secretário paulista

Redação
Foto: Reprodução/Agência Brasil
Foto: Reprodução/Agência Brasil

 

Ex-ministro e atual secretário da Fazenda de São Paulo, Henrique Meirelles definiu o governo de Jair Bolsonaro como “lento” para adotar medidas efetivas para proteger a população contra os efeitos da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

“A direção geral [dos planos federais] me parece correta, para ajudar informais, mais pobres, empresas. Mas não adianta ter ideias, é preciso implementação. O governo está lento”, disse, de acordo com a Folha de S.Paulo.

Nos últimos dias, o governo de São Paulo tem ouvido clientes de bancos reclamarem de juros em alta e da redução da oferta de crédito —da dificuldade crescente de conseguir empréstimos a taxas e prazos suportáveis.

Na sexta-feira passada, o governo federal anunciou que pretende criar uma linha de crédito de R$ 40 bilhões para pequenas e médias empresas, dos quais R$ 34 bilhões sairiam do Tesouro, da conta do governo federal (que vai fazer dívida para emprestar esse dinheiro, por meio de bancos comerciais, que entrariam com os outros R$ 6 bilhões).

A taxa de juros seria de 3,75% ao ano, com carência de 6 meses e prazo de pagamento de 36 meses. Meirelles comenta sobre o pacote de crédito.

“Não deve ser suficiente, mas isso se deve avaliar mais adiante. Reitero: o problema agora é antes de mais nada de implementação, de regulação imediata das medidas, de fazer o dinheiro chegar aos bancos, às empresas. É uma questão de dias, de dois dias, não se pode esperar uma semana, muito tempo. Com o programa em andamento, vamos descobrir o que mais tem de ser feito. Como saber se é suficiente sem saber quanto isso vai durar, por exemplo? O que está claro é que precisamos ajudar as empresas a atravessar a crise, manter os empregos, e criar condições para a retomada. Se houver muito desemprego e um número muito grande de empresas em recuperação judicial [sob risco iminente de quebrar], a economia vai se recuperar muito lentamente. A crise se estende”, diz.

E acrescenta: “O Brasil tem grandes bancos públicos. Outras economias importantes não têm. O governo pode recorrer a eles para aumentar a pressão competitiva, ofertando [mais] crédito. Como foi feito em 2008 [Meirelles era então presidente do BC, cargo que ocupou durante o governo Lula, de 2003-2010]”.

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