Publicado em 20/03/2016 às 09h00.

Entidades da PF rebatem declarações de ministro da justiça

Novo titular da pasta Eugênio Aragão, coloca pressão na PF ao afirmar que se houver vazamentos irá trocar uma equipe inteira mesmo sem provas. Entidades ligadas ao órgão rebatem

Redação
(Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados)
(Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados)

Em entrevista a “Folha de São Paulo”, o novo ministro da Justiça Eugênio Aragão, disse que não irá tolerar novos vazamentos de investigações da Polícia Federal e que se houver, trocará a equipe inteira sem necessidade de prova: “A primeira atitude que tomo é: cheirou vazamento de investigação por um agente nosso, a equipe será trocada, toda. Cheirou. Eu não preciso ter prova. A PF está sob nossa supervisão. Se eu tiver um cheiro de vazamento, eu troco a equipe. Agora, quero também que, se a equipe disser ‘não fomos nós’, que me traga claros elementos de quem vazou” disse o ministro.

O presidente da Associação de Delegados da Polícia Federal (ADPF), Carlos Eduardo Miguel Sobral, rebateu as declarações do ministro dizendo que a entidade não compactua com vazamentos. Já a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), informou ao jornal que espera que a gestão de Aragão, que é ligado ao PT, foque em equilibrar os ânimos internos na PF.

Após as reações, o ministro divulgou uma nota afirmando que dará total apoio a PF em cumprimento a missão policial: “A Polícia Federal é reconhecida pelo profissionalismo e eficiência de sua atuação, que deve ser aprimorada e apoiada permanentemente. […] Verificada a existência de procedimento irregular ou com suspeição fundada de irregularidade, é dever da autoridade supervisora afastar o risco ao devido processo legal, de maneira a garantir os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos.”

Mudanças na PF – Eugenio Aragão tomou posse na última quinta-feira (17), no lugar do ex-ministro Wellington Cesar de Lima que ficou apenas 11 dias no cargo por um impasse envolvendo seu título no Ministério Público.

Aragão chega em um momento delicado da pasta, após as críticas ao seu antecessor, o ex-ministro José Eduardo Cardozo, por conta dos vazamentos do conteúdo de investigações, o que criou uma pressão para que haja um maior controle da Polícia Federal por parte do Ministério da Justiça: “A polícia é um órgão hierárquico, muito diferente do Ministério Público. Mas não posso mexer com a atividade fim da polícia. Seu planejamento só me interessa na medida que tenho que me preparar para seu impacto político”, afirmou.

Questionado pela Folha se irá fazer mudanças estruturais na PF e se se o diretor-geral da  entidade, Leandro Daiello, vai continuar no cargo, o ministro foi categórico: “A permanência de ninguém neste ministério, a não ser do doutor Marivaldo Pereira (secretário-executivo), está garantida. Não conversamos sobre isso ainda. Eu preciso, e isso ele vai me fazer, de um levantamento da situação lá. Quero, evidentemente, na PF pessoas que tenham alguma liderança interna. Essas instituições que têm competências autárquicas, e são independentes na sua atuação, precisam ser dirigidas por lideranças”, concluiu.

*Com informações do G1

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