Publicado em 17/12/2019 às 16h07.

O drama do Uber em Salvador e uma experiência de segurança em Manaus

Não dá mais para ser lobo solitário

Levi Vasconcelos
Foto: Raylanna Lima/bahia.ba
Foto: Raylanna Lima/bahia.ba

 

Deu pena ver o protesto dos motoristas de Uber ontem. Ver quatro colegas serem brutalmente assassinados só porque estavam exercendo o ofício de atender chamadas para fazer o transporte pessoal de passageiros, o que pode ocorrer com qualquer um deles, ficaram aparvalhados, num misto de dor e pavor.

A dor pelos que se foram e o pavor porque qualquer um podia ser vítima. Pediam providências para uma situação complexa: cobrar segurança numa sociedade com boa parte moralmente apodrecida pela perda do senso de que a vida é o bem maior. Pediam socorro.

Gritava um no protesto em frente ao Salvador Trade:

— Não vamos sair daqui com conversinha e blábláblá. Queremos é segurança!

Lobo solitário

O episódio deu repercussão nacional. E lá de Manaus, o jornalista Paulo Oliveira, carioca que por lá passava, viu o rebu. E andando de Uber ouviu de um deles que dois anos atrás um foi assassinado, e os motoristas resolveram se organizar.

— Eles formaram grupos, com nomes variados, como Papa-Léguas, com 100 a 200 associados, cada um pagando R$ 20. Adotaram dois aplicativos. Um transforma o celular em rádio e permite que todo o grupo veja onde cada carro está. Um funcionário monitora o mapeamento. A violência desabou.

Lá eles chamam os que estão fora do grupo de lobo solitário. E dizem que não dá mais para ser lobo solitário.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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