Publicado em 01/02/2016 às 13h40.

Obra em sítio é um ‘puxado’, diz advogado de Lula

Segundo Nilo Batista, o "combustível nesse processo de achincalhamento é os coxinhas não admitirem que o um operário possa comprar um tríplex"

Folhapress
Lula (Foto: Mateus Pereira GOVBA
Foto: Mateus Pereira GOVBA

 

Responsável pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o advogado Nilo Batista disse, nesta segunda-feira (1), que o petista é vítima de “achincalhamento” e “maledicência”.

Nilo Batista – que se reuniu com Lula na sexta-feira (29) – contou que o empresário Léo Pinheiro, da OAS, insistiu para que fosse feita uma reforma no apartamento reservado ao ex-presidente, no Guarujá. Mas que Lula só soube do custo da obra pelos jornais. E, ao saber do preço, desistiu.

“A obra encareceu demais o apartamento e Lula desistiu. Mas é crime querer comprar um apartamento?”.

O advogado refuta a tese de que Lula tenha mudado de versões acerca do processo de compra do apartamento. Segundo Nilo Batista, o ex-presidente sempre admitiu ter adquirido cotas para a futura aquisição de um imóvel. À época, a negociação era feita pela cooperativa dos bancários, a Bancoop. Daí, a expressão cotas. Mas, com a quebra da cooperativa, o empreendimento foi assumido pela OAS.

“A lei de cooperativas se estrutura em cotas”, justificou.

O jurista minimiza ainda a repercussão da revelação feita pela Folha de S.Paulo, de que a Odebrecht foi responsável pela obra em um sítio frequentado por Lula, na cidade de Atibaia. Lembrando que o petista não é proprietário, mas “beneficiário indireto”, ele diz que Lula não ocupava mais cargo público quando as obras foram realizadas: “Ainda não me debrucei sobre isso. Mas vamos admitir que tenha sido feita uma obra. Qual é o problema?”, reage Nilo Batista.

Segundo o advogado, um empresário poderia ter feito uma visita ao sítio e, após avaliar a precariedade de suas instalações, se oferecer para uma obra. “Aquilo é um puxado. E Lula não era mais funcionário público”.

O advogado ironiza o fato de a compra de um barco ser apontada como indício de que Lula e sua família usufruíam do sítio: “Iria colocar o barco onde? Dentro do apartamento, colocar o bote na sala?”.

Segundo ele, o “combustível nesse processo de achincalhamento é os coxinhas não admitirem que o um operário possa comprar um tríplex”.

“Que nem é um tríplex. Tem gente que concorreu à Presidência e tem apartamento de frente para o mar no Leblon e não falam nada”.

Ressaltando que não deseja que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso seja investigado, Nilo Batista reclama do tratamento dado a Lula e lembra que o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró disse à Procuradoria-Geral da República (PGR), antes de fechar o acordo de delação premiada, que a venda da petrolífera Pérez Companc envolveu pagamento de propina no valor de US$ 100 milhões ao governo FHC.

“Não vão investigar nunca. Nem estou dizendo que deva ser investigado. Mas defendo que a Justiça criminal se reserva para os casos em que ocorram crimes”.

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