Publicado em 07/06/2023 às 07h27.

PF quebra sigilo de celular de assessor de Lira e encontra grupo sobre kit robótica

A análise dos dados telemáticos de WhatsApp identificou que o assessor Luciano Cavalcante trocou com o grupo a quantidade de 83 mensagens no curto período entre 09 de maio e 21 de maio

Redação
Foto: Agência Câmara

 

Os supostos desvios de recursos públicos da educação, investigados pela Polícia Federal, mostram que o ex-assessor parlamentar participava de um grupo de WhatsApp denominado “Robótica Gerenciamento”, do qual fazia parte, entre outras pessoas, a sócia da empresa apontada como o pivô do esquema —a Megalic.

Mais próximo assessor do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Luciano teve sua exoneração da Liderança do PP publicada na segunda-feira (5).

A PF cumpriu na semana passada mandados de prisão e de busca e apreensão contra aliados de Lira em uma investigação sobre desvios em contratos para a compra de kits de robótica com dinheiro do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). As verbas chegaram ao órgão por meio das chamadas emendas de relator, controladas à época pelo presidente da Câmara.

Tanto o presidente da Câmara quanto a empresa negam qualquer relação com as acusações.

De acordo com o inquérito da PF, dados fornecidos pelo WhatsApp mostraram que o grupo “Robótica Gerenciamento” era integrado por Luciano Cavalcante, por Roberta Lins Costa Melo, sócia da Megalic, e por outras quatro pessoas.

A PF afirma, conforme a Folha de S. Paulo, que Luciano manteve contato com alguns dos investigados por suspeita de fazerem constantes entregas de dinheiro vivo e que, em ao menos uma ocasião, foi o destinatário de quantia sacada momentos antes em agências bancárias.

Em 17 de maio deste ano, por exemplo, o casal Pedro Magno Salomão Dias e Juliana Cristina Batista, suspeitos de promover as entregas de dinheiro vivo, foram monitorados por equipe da PF sacando dinheiro em uma agência de Brasília e, depois, se dirigindo à garagem do Complexo Brasil 21, na região central da capital federal.

Nessa ocasião, a PF fotografou e obteve imagens que mostram a suposta entrega do dinheiro sacado a Wanderson Ribeiro Josino de Jesus, motorista de Luciano, dentro de um Corolla preto.

“Pelas imagens, é possível perceber que os investigados permanecem no interior do veículo (…) por menos de 1 minuto. Neste momento, segundo o relato do policial, é possível afirmar que Pedro Magno deixa ‘pacotes de dinheiro’ no porta-luvas do veículo Corolla preto.”

Ainda de acordo com relatório da PF e segundo informações da Folha, momentos depois o motorista sobe até o apartamento em que o assessor parlamentar estava.

“No mesmo sentido, a análise dos dados telemáticos de WhatsApp identificou que Luciano Cavalcante e Pedro Magno trocaram a quantidade de 83 mensagens no curto período entre 09/05/2023 e 21/05/2023”, diz a PF, que também encontrou 51 ligações por áudio entre eles.

A PF aponta que o casal Pedro e Juliana é titular de várias empresas, algumas delas sem sede física ou funcionamento efetivo, mesmo realizando diversas transações financeiras entre essas empresas.

As empresas do casal receberam repasses expressivos da Megalic e de seu sócio, Edmundo Catunda.

A investigação da PF mostra ainda que o casal realiza frequentemente saques em espécie, sempre fracionados em lotes abaixo de R$ 50 mil, e em diversas agências bancárias, tudo isso seguido de entregas pessoais de valores “a prováveis agentes públicos e/ou pessoas que figurem como contratadas em contratos públicos”.

As entregas, de acordo com a PF, ocorreram ao menos nas cidades de Brasília (DF), Luziânia (GO), Goiânia (GO), Florianópolis (SC) e Maceió (AL)”.

“A hipótese aventada aqui é que o casal Pedro e Juliana sejam especializados na prática de crimes de lavagem de capitais, ocultando e dissimulando bens, direitos e valores provenientes de desvios de recursos públicos das mais variadas naturezas e oriundos de diversos entes públicos, possibilitando o retorno do capital aos autores dos delitos antecedentes, com alguma aparência de licitude”, diz relatório da PF.

O advogado André Callegari, que defende Luciano Cavalcante, afirma que as imagens “não indicam nenhum ato ilícito praticado pelos investigados muito menos por Luciano que sequer aparece nelas”.

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