Publicado em 09/05/2016 às 08h40.

Ex-ministro Mantega é alvo de condução coercitiva na Operação Zelotes

Os investigadores querem apurar a ligação entre ex-titular da Fazenda com empresa suspeita de comprar decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf)

Redação
Ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. Foto: Divulgação
Ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. Foto: Divulgação

 

O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega foi alvo de condução coercitiva (quando a pessoa é levada a depor e depois liberada) na nova fase da Operação Zelotes, deflagrada nesta segunda-feira (9) pela Polícia Federal. A etapa investiga um suposto esquema de venda de medidas provisórias e também fraudes em julgamentos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), ligado ao Ministério da Fazenda. Cerca de 30 mandados – nenhum de prisão – foram expedidos no Distrito Federal e nos estados de São Paulo e Pernambuco.

A condução de Mantega foi autorizada pela Justiça Federal. Os investigadores da Zelotes querem apurar a ligação dele com a empresa Cimento Penha, suspeita de comprar decisões do Carf para eliminar multas aplicadas pela Receita. Ele foi citado por suspeitos investigados na operação como amigo de um dos alvos da fase deflagrada nesta segunda.

A última fase da Zelotes, deflagrada em fevereiro, teve como um dos principais alvos o grupo siderúrgico Gerdau. A suspeita é que a companhia, com atividades em 14 países, tenha tentado interferir no Carf no pagamento de multas que somam R$ 1,5 bilhão. Na época, a empresa divulgou nota em que afirmou que colabora integralmente com as investigações da Polícia Federal e que não concedeu qualquer autorização para que seu nome fosse utilizado em pretensas negociações ilegais.

Operação – A Zelotes foi deflagrada há um ano, em março de 2015. Inicialmente, o alvo da operação era o esquema de fraudes nos julgamentos do Carf. Durante a investigação foi identificado que conselheiros suspeitos de integrar o esquema criminoso passavam informações privilegiadas de dentro do Carf para escritórios de assessoria, consultoria ou advocacia.

De acordo com os investigadores, os escritórios procuravam empresas multadas pela Receita Federal e prometiam controlar o resultado dos julgamentos de recursos. O esquema teria movimentado R$ 19 bilhões em irregularmente.

A PF disse que ficou “comprovado” que conselheiros e funcionários do órgão “defendiam interesses privados, em detrimento da União, valendo-se de informações privilegiadas”. Mesmo depois do início da operação, as investigações encontraram indícios de que os crimes continuaram a ser cometidos.

A Zelotes apurou também um suposto esquema de venda de medidas provisórias. A PF descobriu que uma das empresas que atuava no órgão recebeu R$ 57 milhões de uma montadora de veículos entre 2009 e 2015 para aprovar emenda à MP 471, de 2009, que lhe rendeu benefícios fiscais de R$ 879,5 milhões. Junto ao Carf, a organização deixou de pagar R$ 266 milhões.

Em 4 de dezembro, 16 pessoas suspeitas se tornaram réus na Zelotes, depois que a Justiça Federal aceitou denúncia do Ministério Público Federal no Distrito Federal.

Com informações do G1.

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