Publicado em 17/05/2016 às 08h46.

Presidencialismo de coalizão: um sistema podre e falido

A chamada fragmentação cresce e a cada dia o presidente tem que conversar com mais gente para assegurar a governabilidade

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“Um dos grandes segredos da sabedoria econômica é saber aquilo que se não sabe”

John Galbraith, economista e filósofo norte-americano (1908-2006)

Michel Temer em entrevista ao ‘Fantástico’ (Foto: Divulgação).

 

Em entrevista domingo no Fantástico, da Globo, o presidente Michel Temer disse que distribuiu ministérios com os partidos por entender isso como um fato natural da democracia.

É, mas nem tanto. O problema é que nosso modelo de organização partidária faliu e apodreceu. É fácil de entender. Qualquer um vai a um cartório eleitoral, arranja 500 mil assinaturas e pronto, temos um partido novo na praça.

Tínhamos 27 em 2010, 22 deles com representação na Câmara. Hoje temos 35, 27 com representação. E há pelo menos cinco outros com pedidos de registro em andamento. Detalhe: todos eles têm o seu dono, o coletador de assinaturas.

A chamada fragmentação cresce e a cada dia o presidente tem que conversar com mais gente para assegurar a governabilidade gastando tempo, dinheiro e espaço para satisfazê-los.

Não há presidente que aguente, nenhum. Institui-se o toma lá, dá cá. Disso resulta que você vê, um dia, Gilberto Kassab, o dono do PSD, ministro de Dilma; mudou de lado, é ministro de Temer. Da mesma forma o PP, o partido que mais tem denunciados na Lava jato.

A história recente está aí, todo mundo que está lá quase sempre quer o espaço para assegurar as maracutaias.

O pior: ninguém se mexe para mudar. Até quando? Eis a questão.

(Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado).

Pinheiro aos poucos

Já nomeado secretário de Educação da Bahia, o senador Walter Pinheiro vai permanecer no Senado pelo menos até o final do mês, ainda finalizando alguns projetos, como o pedido de empréstimo de US$ 200 milhões feito pelo governo baiano, que ele quer ver acontecer, e também concluir outros dos quais é relator, mas o time dele já desembarca na SEC hoje.

Pinheiro diz que primeiro quer se inteirar da situação, buscar todas as informações. Quando entrar, já vai sabendo.

— Lá no Senado, eu preciso desse tempo.

Pauta indefinida – Roberto Muniz, o suplente de Pinheiro, diz que só vai falar se o afastamento se consumar:

— Essa pauta quem dita é Pinheiro.

Geddel em cena

Em entrevista a Mário Kertész ontem, na Metrópole, Geddel pontuou dois fatos que repercutem na política baiana:

1 — Não está pensando em 2018, ainda é cedo, até porque vai se esforçar para ajudar Michel Temer a tirar o Brasil do buraco, mas admite que possa se candidatar ao governo.

2 — O PMDB vai indicar nomes a ACM Neto para compor a chapa como vice.

Falam que o preferido dele é Fábio Mota, secretário da Mobilidade.

(Foto: Divulgação).

Idade mínima

Henrique Meirelles, o novo ministro da Fazenda, tem conversado com alguns deputados sobre os projetos que pretende enviar para a Câmara nos próximos dias.

A Benito Gama (PTB), revelou a intenção de mexer na Previdência, que está cada dia mais cara para os governos, não só o federal, mas os estaduais também.

Uma das ideias é botar a idade mínima para aposentadoria aos 65 anos.

As centrais sindicais (menos a CUT), que ontem se reuniram com Temer, estão esperneando. Nenhuma aceitou.

Isidório em pauta

O deputado Sargento Isidório (PDT) está causando inquietações entre os aliados de Rui Costa. O deputado Rosemberg Pinto (PT) disse que já o procurou para alertá-lo:

— Disse que a forma como ele se posicionou na discussão do Plano Estadual de Educação (confrontou com grupos LGBT) e o vídeo do Dia das Mães (pegou na genitália da mãe e disse ‘graças a Deus que você não é sapatão’) não é uma postura para quem quer disputar a Prefeitura de Salvador:

E não acho é que isso seja problema de Rui Costa ou do secretário Josias Gomes (Relações Institucionais).

(Foto: Divulgação).

Lupi na parada

A questão é que Isidório é candidato a prefeito de Salvador pelo PDT e alguns segmentos já foram se queixar ao presidente nacional do partido, Carlos Lupi, que, por sua vez, também revelou preocupação.

Isidório será convidado a baixar o tom.

Drama santamarense

Dizem em Santo Amaro que se Francisco Lourenço de Araújo, o Barão de Sergy, honra e glória da terra por ter comandado um batalhão de santamarenses na Guerra do Paraguai, nascesse hoje, jamais seria o que foi, pelo menos como santamarense.

O xis da questão: o octogenário Hospital Maternidade está fechado para atendimento ao SUS porque o governo do prefeito Ricardo Machado ofereceu apenas R$ 20 mil.

A indignação é geral. Os santamarenses estão nascendo em São Francisco do Conde.

Pedindo socorro

O diretor do Hospital, Regival Mattos de Souza, já mandou ofício até para o Ministério Público. A crise já vinha se arrastando e foi feito um TAC com a Sesab.

O prefeito Ricardo Machado não deu bola.

Debate no MAB

O Museu de Arte da Bahia marca a passagem da 14ª Semana de Museus (de 16 a 22 deste mês) realizando amanhã (19h) a edição de maio do projeto Diálogos Contemporâneos.

O tema da vez é Mab Pensa Seu Entorno, abordando as intervenções na paisagem do Rio Vermelho e da Barra”.

Lideranças dos dois bairros estarão lá.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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