Publicado em 04/03/2016 às 15h41.

‘Quiseram matar a jararaca, mas bateram no rabo’, diz Lula

Em pronunciamento na tarde desta sexta-feira, ex-presidente demonstrou indignação com a ação da PF e falou que, se o MPF queria ouvi-lo, bastava convidar

Ivana Braga
Foto: Suamy Beydoun/ Estadão Conteúdo
Foto: Suamy Beydoun/ Estadão Conteúdo

 

Em pronunciamento transmitido na tarde desta sexta-feira (4) pela TV dos Trabalhadores, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliou como “lamentável” e “show de pirotecnia” a sua condução coercitiva no início da manhã. Ele foi levado para ser ouvido pelo Ministério Público e a Polícia Federal sobre as denúncias referentes ao apartamento na praia do Guarujá, no litoral paulista, e ao sítio em Atibaia, no interior de São Paulo. Lula e familiares são investigados na 24ª fase da Operação Lava Jato, denominada “Aletheia”, em busca da verdade, em grego. Ele disse que não era preciso ação de tal natureza. “Bastaria me convidarem que eu iria”, assinalou o ex-presidente, suspeito de receber favores de empreiteiras investigadas pela Lava Jato.

Em uma crítica aberta ao Ministério Público Federal, Lula manifestou sua indignação com o fato de policiais federais terem chegado à sua casa nas primeiras horas da manhã e, constrangidos, pedirem desculpas por conduzi-lo. “Me senti prisioneiro”, afirmou, ao acrescentar que o país “não pode continuar refém do medo”. “Eu acredito em instituições fortes, que são a garantia do Estado Democrático de Direito. Sou contra a arrogância e prepotência”, afirmou, ao dizer ter “orgulho e estima” do povo brasileiro.

Sobre a suposta compra de apoio de políticos, o petista assinalou que o delegado que quer saber sobre as medidas provisórias não tem que perguntar ao chefe do Executivo, mas sim aos integrantes do Congresso Nacional. Admitiu que foi o presidente, desde Floriano Peixoto, que mais ganhou presentes, mais viajou. “O MP está preocupado com isso, com minhas palestras”, declarou.

Lula disse ter ficado indignado com o processo de suspeição. “Eu não mereço, não mereço. Aprendi a andar de cabeça erguida, levantando 6h da manhã, fazendo comício em ponto de ônibus, levando borrachada. Eu não vou baixar a cabeça com o que eles fizeram hoje”, afirmou.

O ex-presidente voltou a negar a propriedade de um apartamento tríplex na praia do Guarujá. “Insistem que é meu, não é. Se querem que seja meu, então alguém terá que me dar. Quando tiver no meu nome, então direi que é meu”, frisou Lula, ao reafirmar a sua indignação com o que fizeram com ele, com sua família, com seus amigos e com o Instituto Lula. “Acho que eu merecia um pouco mais de respeito”, frisou o ex-presidente, que assumiu estar “magoado”. Para finalizar o discurso, diante da plateia petista, ele emendou uma frase de efeito: “Quiseram matar a jararaca, mas bateram no rabo”.

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